Em visita à França, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi condecorado na terça-feira, dia 7, com o Prêmio Félix Houphouët-Boigny pela Busca da Paz, oferecido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
A premiação coloca Lula como candidato a outra distinção, esta mais famosa: o Prêmio Nobel da Paz. Criada há 20 anos, a condecoração da Unesco se antecipou ao Nobel em sete oportunidades, homenageando personalidades como Jimmy Carter, Nelson Mandela, Yitzhak Rabin, Shimon Peres, Frederik de Klerk e Yasser Arafat.
Em discurso de agradecimento, Lula lembrou que “a promoção da cultura de paz é um dos pilares da Unesco”.
– Recebo este prêmio como reconhecimento das recentes conquistas sociais do Brasil – disse o presidente.
Sua composição é um dos indícios do prestígio da homenagem, mas não o principal. O dado que mais chama a atenção é a história, que o torna a melhor “prévia do Nobel”.
O caso que melhor sintetiza a sintonia entre o Houphouët-Boigny e o Nobel é também o mais recente: Martti Ahtisaari, diplomata finlandês, foi vencedor do prêmio da Unesco em 2007 e da academia suecaem 2008.
Em Paris, Lula foi o centro das atenções dos convidados e do público, majoritariamente de origem africana, mas também de personalidades como o ex-presidente da França, Jacques Chirac. Uma enxurrada de elogios cobriu o presidente brasileiro.
Koichiro Matsuura, diretor-geral da Unesco, apontou o brasileiro como responsável pela “ação em favor da paz, da justiça social e do combate à fome no Brasil”. José Sócrates, primeiro-ministro de Portugal, definiu-o como “um estadista”.
– O presidente Lula da Silva é hoje uma das personalidades mais admiradas e respeitadas do mundo. Sua obra não foi apenas retórica, mas concreta, de construção de mais justiça social e de prestígio internacional.
Antes da premiação, três militantes da organização ambientalista Greenpeace protestaram contra Lula, acusando-o de conivência com o desmatamento da Amazônia. Enquanto os líderes políticos confraternizavam, os três ativistas subiram ao palco.
Dois desfraldaram banners nos quais se lia a mensagem “Lula, salve a Amazônia, salve o clima”. Os militantes permaneceram, em silêncio, alguns segundos ao lado dos líderes políticos sem serem importunados por seguranças e sem provocar nenhuma reação de repúdio ou de apoio da plateia ou dos homenageados.
Ao término de um instante de expectativa, seguranças da Unesco aproximaram-se, pedindo-lhes as bandeiras. Dois dos manifestantes, os franceses Sylvain Pardy e Pascal Ewig, ambos de 36 anos, expressaram uma breve reação física – um dos quais se jogando ao chão. O terceiro, o brasileiro João Talocchi, biólogo de 25 anos, entregou um globo inflável ao presidente.
– Chamei o presidente duas vezes, ele me olhou mas não quis pegar o globo. Na terceira, ele o pegou, mas o pôs de lado na mesma hora – contou Talocchi.
O PRÊMIO FRANCÊS
– Leva o nome de Félix Houphouët-Boigny, ex-presidente da Costa do Marfim.
– É entregue anualmente, podendo não ser conferido.
– O presidente Lula é o primeiro brasileiro a receber a distinção.
ANTECIPANDO O NOBEL DA PAZ
Sete personalidades receberam o Félix Houphouët-Boigny e, posteriormente, o Nobel da Paz:
– Nelson Mandela
– Frederik de Klerk
– Yitzhak Rabin
– Shimon Peres
– Yasser Arafat
– Jimmy Carter
– Martti Ahtisaari