O ano de 2008 mal começou e o governo Yeda ataca novamente o banco dos gaúchos. Sem qualquer debate com o funcionalismo e a sociedade, o Banrisul publicou nesta segunda-feira, dia 7, um minúsculo anúncio de “Aviso de Licitação” no jornal Correio do Povo, sobre a realização de um pregão presencial para o próximo dia 18 de janeiro, às 9h30, visando a terceirização dos serviços de tesouraria do banco, seguindo na linha de desmonte do banco público. Trata-se da segunda tentativa do banco. A primeira ocorreu em dezembro de 2005, no governo Rigotto, mas foi suspensa após protestos dos bancários, parlamentares e sociedade. Ambas as iniciativas sob o comando do presidente do Banrisul, Fernando Lemos.
Segundo o edital publicado, o banco pretende terceirizar “a prestação de serviços de abertura e conferência de malotes, contendo cédulas e moedas divisionárias para atendimento das regiões de Porto Alegre, Grande Porto Alegre, Carbonífera, Vale do Paranhana, Vale dos Sinos, Camaquã, Litoral e Serra”. Na primeira tentativa, o pregão tinha sido agendado para o dia 26 de janeiro de 2006 e envolvia igualmente a terceirização dos serviços de abertura, conferência de malotes, contagem e preparação de numerário.
“É uma atitude rasteira, na medida em que o banco lança mão desse expediente em pleno mês de janeiro, de forma reincidente, sem transparência, quando muitos funcionários estão em férias, o que desqualifica a relação perante o quadro funcional e a recente retomada do diálogo com o movimento sindical”, denuncia o diretor do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre (SindBancários), José Carlos Ledur. Em Porto Alegre, vários empregados perderão os seus postos de trabalho.
“Lamentamos a atitude arbitrária de parte da diretoria do Banrisul, baixada sem qualquer discussão com o Comando dos Banrisulenses. Durante as rodadas de negociações específicas da pauta dos funcionários, ocorridas em novembro e dezembro, esse tema não foi tratado em nenhum momento, sequer comentado pelos representantes do banco”, ressalta o dirigente sindical.
O novo ataque ocorre depois da venda de 43% das ações do Banrisul, adquiridas na sua maioria por investidores estrangeiros, que a partir deste ano levarão uma fatia dos lucros do banco do povo do Rio Grande. “A terceirização da tesouraria nada mais é que uma forma desesperada de reduzir custos, como forma de justificar-se diante dos acionistas, uma vez que a evolução das ações do banco não está correspondendo à expectativa inicial do mercado”, aponta Ledur.
“Ao fazer a oferta pública, cada ação foi negociada a R$ 12,00 e hoje está cotada em torno de R$ 10,40, o que revela uma queda acima de 13%, agravado, ainda, em função do baixíssimo volume de operações na Bovespa, o que revela a fraca liquidez do papel, deixando de ser um ativo atrativo aos olhos dos investidores”, destaca o representante dos banrisulenses.
A tesouraria é um serviço bancário considerado essencial e, por isso, não pode ser terceirizado. Assim, essa nova tentativa de terceirização é ilegal. As únicas contratações legais permitidas são para serviços de vigilância, conservação e limpeza, conforme consta no princípio da súmula 331 do TST.
As diretorias do SindBancários e da Federação dos Bancários do RS se reúnem na manhã desta terça-feira (da 8) para definir as medidas que serão adotadas para enfrentar a nova onda de arbitrariedades do governo Yeda no Banrisul.