(Caxias do Sul) O início do processo de privatização do Banrisul foi anunciado pela governadora Yeda Crusius (PSDB) nesta quarta-feira, 7 de fevereiro, durante a apresentação dos resultados de 2006 do banco. Apesar de todo o discurso feito durante a campanha eleitoral e nos primeiros dias da gestão tucana no estado, o capital do único banco público gaúcho começará a ser vendido à iniciativa privada.
Segundo o anúncio, será montado um grupo de estudos que avaliará a melhor forma de emissão e venda das ações. O grupo, formado pelo Secretário de Fazenda, Aod Cunha Júnior, pelo secretário substituto, Ricardo Englert, pelo presidente do banco, Fernando Lemos (que permaneceu no cargo apesar da troca de governo), pelo vice-presidente, Rubens Bordini, e pelo diretor Ricardo Hingel, além de representantes da Procuradoria Geral do Estado e do Tribunal de Contas, deverá definir a forma da abertura do capital.
A idéia preliminar do governo estadual é realizar uma emissão primária e uma oferta secundária de ações, em no máximo um ano, para colocar no mercado 30% do capital total de banco e captar entre R$ 1,5 bilhão e R$ 2 bilhões. Pelo menos a metade deste valor deverá ser canalizado diretamente para sanar o atual déficit do governo estadual.
Cerca de um ano depois deverá ser realizada uma segunda distribuição de ações no mercado privado1. O governo gaúcho afirma, neste momento, que preservará pelo menos 51% do controle da instituição nas mãos do Estado.
Atualmente, o estado gaúcho possui 99,40% do capital social do banco, a Fundação Banrisul possui 0,18% e outros acionistas possuem 0,42%. Esta será a primeira vez, desde 1928 que o banco aumentará seu capital através de venda de ações no mercado.
O valor da emissão será discutido com instituições financeiras que habitualmente lideram este tipo de venda para medir o potencial de demanda. O Banrisul estima que seis meses serão suficientes para estruturar a oferta. Além disso, como inicialmente não haverá mudança no controle da gestão do banco, para efetuar a emissão não será preciso nem autorização da Assembléia Legislativa e nem de aprovação por plebiscito.
Apesar de desacreditar publicamente as afirmações de seu vice, Paulo Feijó (PFL), a respeito da privatização do banco, Yeda pretende levar à cabo os pedidos de queima do patrimônio público e seguir a tradição privatizante do PSDB.
O jornal Voz do Bancário, do Seeb Caxias do Sul e Região já havia alertado os bancários sobre a ameaça de privatização do Banrisul, na sua edição de 25 de outubro de 2006, na matéria "O Rio Grande do Sul pode ficar sem seu último banco".
Fonte: Seeb Caixas do Sul