Vilela é homenageado no Rio em ato que lembrou 10 anos da entrega do Banespa

Representando a família de Vilela, Almir recebe placa de Paulo Salvador

Uma homenagem póstuma, sem lágrimas nem tristeza. Assim foi o comportamento do auditório diante dos 13 depoimentos sobre o sindicalista Antonio Carlos Vilela (1948-2000), durante ato realizado na quarta-feira (19), no Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, para lembrar os 10 anos da privatização do Banespa, ocorrida em 20 de novembro de 2000, 21 dias antes de sua morte.

Uma placa foi entregue pelo presidente da Afubesp, Paulo Salvador, ao presidente do Sindicato, Almir Aguiar, representando a família de Vilela. Um DVD foi exibido com depoimentos de diretores do Sindicato e da CUT, recordando momentos que marcaram a trajetória de Vilela. Também houve distribuição da segunda edição da cartilha “O papel do dirigente sindical”, lançada pelo Sindicato do Rio e escrita por Vilela nos anos 90.

Estiveram presentes bancários, aposentados, dirigentes sindicais e políticos. A Contraf-CUT foi representada pelo funcionário do Santander e secretário de imprensa, Ademir Wiederkehr. “Estamos com saudades do Vilela, um amigo que sabia brincar para alegrar a nossa vida, um cara que foi o grande comandante da luta contra a privatização no Rio, um bancário e líder do PT que ajudou a mudar o sindicalismo e construir um novo Brasil”, disse Ademir.

Golpe neoliberal

A privatização do maior banco estadual do país foi um dos duros golpes do governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) contra o povo paulista e brasileiro. Suporte financeiro do Estado de São Paulo, a venda do Banespa para o Santander por R$ 7 bilhões (a avaliação do governo foi de apenas R$ 1,85 bilhão) significou um marco na investida neoliberal contra a economia do país, dada a sua solidez e à importância de sua atuação na economia paulista.

Foram seis anos de luta contra a privatização do Banespa, de 1994 a 2000, desde a intervenção do Banco Central na madrugada de 31 de dezembro de 1994, às vésperas da posse do governador Mario Covas (PSDB).

Resistência e morte

Até o último lance do processo de privatização, Vilela esteve firme na resistência. Lutou com todas as suas forças físicas e mentais, formulando estratégias, estimulando os funcionários a não desistirem da perspectiva de impedir a venda do banco, fosse nas manifestações de ruas, ou na elaboração de textos, atos, recursos jurídicos, enfim, todas as formas de combate.

Paulista de Taubaté, Vilela adotou o Rio como sua cidade. Fundador do PT e da Articulação Bancária, em 1986 teve participação decisiva em defesa da filiação do Sindicato dos Bancários à CUT.

O processo da privatização, dizem os seus companheiros, “matou o Vilela”. Na verdade, foi uma jornada de enorme desgaste. O cansaço e a decepção pela venda do banco ao espanhol Santander contribuíram fortemente para o infarto que lhe tirou a vida em 11 de dezembro de 2000.

“A luta e o exemplo de Vilela seguem inspirando bancários do Rio e do Brasil, na construção de uma vida melhor para a categoria e a classe trabalhadora”, conclui Ademir.

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