Vigilantes paralisam agências e fazem manifestação histórica em Piracicaba

Os vigilantes de Piracicaba fizeram uma manifestação histórica na sexta-feira, 1º de fevereiro. Os trabalhadores cruzaram os braços pelo fato de as empresas não cumprirem a lei 2.740/2012, que garante aos vigilantes de todo país o adicional de risco de vida de 30%, o qual o Sindicato dos Bancários de Piracicaba é solidário a esta luta. A paralisação foi realizada em todo país pelos vigilantes.

Sem a presença desses trabalhadores os bancos não puderam abrir suas portas, tendo em vista a lei federal 7.102/1983, que regulamenta que nenhuma agência bancária pode funcionar sem segurança adequada e em atenção à segurança dos trabalhadores bancários e clientes. Os que tentaram foram autuados pela Polícia Federal de Piracicaba.

De acordo com o dirigente sindical Marcelo Abrahão, 80% das agências permaneceram fechadas na sexta. Até o início da tarde, o agente federal Clodoaldo Fernandes Junior, informou que os bancos Itaú e Bradesco haviam sido autuados pela Polícia Federal, por não cumprirem a lei. As multas variam de 10.000 a 20.000 ufirs, ou seja, de R$ 24 a R$ 48 mil.

Durante a mobilização, o vereador e presidente do Sindicato dos Bancários de Piracicaba e região, José Antônio Fernandes Paiva, informou que a alegação das empresas de que precisa regulamentar a lei para que os 30% sejam pagos é uma inverdade, uma vez que lá atrás elas reconheceram a periculosidade da profissão ao agregar os 18% do salário.

“Nosso sindicato é parceiro dessa luta, pois no caso dos bancos os vigilantes colocam suas vidas em risco para dar segurança a bancários e clientes. Nossa luta é conjunta e esse dia de paralisação é justo, afinal quem dá 365 dias de segurança aos bancários e clientes merece um dia de luta com todo nosso apoio”, salientou.

De acordo com o vigilante Vanderlei Silva, que há 34 anos é profissional da área desde 1990 tem ocorrido uma depreciação da categoria. “Antes recebíamos três salários mínimos, tínhamos plano de saúde e nosso vale refeição e alimentação era equiparado ao da categoria bancária, que hoje somados são R$ 842,04 . Hoje, nosso salário é inferior a dois salários, não temos mais plano de saúde e nosso vale refeição é de R$ 10,74/dia. Algumas empresas ainda pagam R$ 85 de cesta básica, mas não são todas”, reclama o vigilante que fortaleceu a luta de sua categoria.

Aderiram ao dia de luta os vigilantes das empresas: Cesvi, Alerta, Essencial, Atento, CJF, Suprema, Coopseg, Vanguarda, Albatroz, Belfort, ServSegurança, Execução, GP Guarda Patrimonial de São Paulo, Skill, Quality, Embrasil.

Ameaça

Durante a paralisação alguns vigilantes disseram que haviam sido ameaçados pela empresa a que prestam serviço que sofreriam represália caso aderissem o movimento.

Entenda a luta

No dia 10 de dezembro de 2012 a Presidente Dilma Rousseff publicou a lei 12.740, alterando a CLT, incluindo os profissionais de segurança privada no quadro das atividades periculosas.

A medida só institucionalizou o que as Convenções Coletivas de Trabalho de todos os estados, negociadas e acordadas entre patrões e empregados, já tinham consagrado, uniformizando os percentuais em 30% e permitindo a compensação daquilo que já vinha sendo pago com a mesma natureza.

Este era um antigo pleito da categoria, objeto de lutas desde, pelo menos, 1997. Os Vigilantes têm consciência do risco da sua profissão. Contabilizam vidas perdidas de colegas quase todos os dias. Mas também tem consciência do seu compromisso com a defesa da vida de todos e todas as brasileiras.

“Entretanto, os patrões de vigilância, mais uma vez, elegem os trabalhadores como inimigos e dizem que não cumprirão a lei, que a mesma não está valendo e aguardarão uma regulamentação, entre outras bobagens. Com isto acumulam uma dívida com o trabalhador e transferem para o contratante a responsabilidade de pagar a sua conta, além de provocarem trabalhadores sérios, honestos, dedicados e também lutadores, que não temem enfrentar bandidos, tampouco patrões caloteiros”, defende o presidente da Confederação dos Vigilantes e Prestadores de Serviços, José Boaventura.

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