As nossas Federações e Sindicatos de Bancários, até o dia de hoje foram fortes, muito fortes.
Mulheres e homens heróis lutaram incansavelmente frente ao pior Congresso da história republicana brasileira, não só em defesa das nossas famílias, mas também em defesa de milhões de famílias honradas e trabalhadoras que não têm noção do risco que correm com este golpe.
Nossa luta foi também em defesa da democracia e contra o golpe.
Fizemos todas as marchas a Brasília, todos os atos, acampamentos e panfletagens. Não fugimos da luta e ainda tivemos papel protagonista na organização da resistência ao golpe nas nossas bases sindicais.
Crescemos muito e tivemos o privilégio de aprender muito neste dia 17 de abril de 2016 e nos momentos que o antecederam.
Antes da votação na Câmara reaprendemos a buscar a unidade no campo das esquerdas, junto com a CUT – uma central guerreira.
Nossa mobilização voltou para as ruas e rearticulamos setores que atuavam separados há muito tempo.
Crescemos muito também durante a seção do impeachment na Câmara. Foi importante e pedagógico ouvir cada um daqueles votos, separando o joio do trigo.
Foi com muito nojo que ouvimos cada um daqueles “SIM” dedicados “aos eleitores da minha querida cidade”, “aos meus filhos”, “ao povo brasileiro”, trezentos e sessenta e sete vezes repetidos por picaretas, numa seção presidida por um réu acusado de corrupção.
As elites econômicas e os reacionários fizeram claramente os seus discursos e disseram que pretendem que os trabalhadores paguem o pato!
Deixaram muito claro que querem reduzir custos de produção retirando direitos trabalhistas, sociais e humanos dos trabalhadores.
Conhecemos muito mais o Congresso Nacional hoje. É a casa grande querendo nos mandar de novo para as senzalas.
Os partidos de oposição golpista tiveram forte apoio empresarial, é certo, mas também tiveram apoio popular. Nas ruas.
Este apoio foi lapidado pela mídia que desconstruiu todo dia as reputações de partidos e movimentos sociais, usando o combate à corrupção como uma arma contra os que efetivamente combateram a corrupção cortando na própria carne e deixando investigar.
Como disse o jornalista Joseph Pulitzer, com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta forma um público tão vil como ela mesma.
Foi o que aconteceu e sabemos que temos que melhorar a nossa disputa de hegemonia no campo da informação e da formação de quadros.
Perdemos uma batalha na Câmara dos Deputados, um terreno vil e fora de nosso controle. Presidida por um deputado réu por corrupção. Um território de sordidez e de mau-caratismo. Não era possível ganhar ali.
E o golpe vai prosseguir, segue para o Senado, que é quem vai dizer se o processo deve ou não ser instaurado.
Mas a presidenta só será afastada das funções no momento em que o Senado votar no Plenário a instauração do processo de impeachment, o que acontece com maioria simples de votos.
Serão necessários 41 senadores, de 81, para que Dilma Rousseff seja afastada do cargo por 180 dias e para que o julgamento seja instaurado.
Conforme o calendário proposto pela assessoria técnica da Casa, isso pode acontecer em até 24 dias após a manifestação da Câmara, ou seja, até o dia 11 de maio.
O próximo capítulo será uma votação no Senado que Ricardo Lewandowski, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), vai chefiar.
Será uma segunda votação na qual serão precisos dois terços, ou 54 senadores, para que o impeachment de Dilma seja concretizado, numa votação por meio de voto aberto em Plenário, como na Câmara neste domingo.
Se os senadores votarem destituir Dilma, o vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP) assume a presidência, e Eduardo Cunha (PMDB-RJ), réu do STF assume a vice-presidência.
A CUT e os seus aliados estão conclamando para a mobilização do 1º de Maio, quando será realizada a assembleia nacional dos trabalhadores e trabalhadoras em defesa da democracia e dos direitos trabalhistas.
Temos que fazer o maior 1º de Maio da nossa história pela democracia e intensificar a campanha “Cunha na Cadeia’.
A Contraf CUT fará, junto com a CUT, a resistência no Senado a essa tentativa de golpe contra a presidenta Dilma.
Vai ser uma questão de tempo para que os setores da classe média, que desavisadamente apoiaram o golpe, percebam que seus interesses foram traídos.
E até lá vamos continuar nas ruas e nos locais de trabalho para denunciar cada erro, cada usurpação de direitos, cada falcatrua, em defesa dos nossos direitos e da democracia.
Não vamos deixar a mídia golpista e aliada deles fazer o abafa.
A luta vai continuar.