Valorização de 16,33% no piso dos bancários beneficia mulheres e negros

O reajuste de 16,33% conquistado pela greve nacional dos bancários no piso – alcançando aumento real de 11,54% e o valor de R$ 1.250 – é uma importante conquista não somente econômica, mas também do ponto de vista da promoção da igualdade de gênero e raça dentro dos bancos. Isso ocorre porque a maioria das mulheres e negros está nas funções mais baixas da carreira, sendo beneficiados diretamente pelo aumento dos pisos.

Além do piso de escritório, o piso de caixa subiu para R$ 1.709,05 (incluindo gratificação de caixa e outras verbas), constituindo um reajuste de 13,82%, com aumento real de 9,15%. Trata-se de outra conquista que melhora a remuneração.

O alcance das medidas para os setores discriminados nos bancos fica comprovado pelos dados do Mapa da Diversidade, pesquisa que comprovou a desigualdade de condições de mulheres e negros no setor financeiro. Os números mostram que as mulheres representam 53,3% dos chamados cargos funcionais, que recebem os menores rendimentos. Por outro lado, apenas 19% estão em cargos de direção e superintendência.

O mesmo ocorre entre os negros, parcela da população que está sub-representada na categoria em relação a sua presença na População Economicamente Ativa (PEA) do país: são 19% dos bancários, enquanto atingem 35,7% da PEA. Nos bancos, também estão majoritariamente na base da pirâmide salarial, ocupando 20,6% dos cargos funcionais e apenas 4,8% dos cargos de superintendência e direção.

“A valorização dos pisos é um avanço nesse sentido por atingir de forma direta as populações discriminadas nos bancos. Esse, porém, é apenas um passo numa situação complexa, como mostram os números”, afirma Deise Recoaro, secretária de Políticas Sociais da Contraf-CUT.

Deise explica que o pequeno número de mulheres e negros em cargos de chefia reflete discriminações sofridas por essas pessoas na definição das promoções nos bancos. “É preciso que essas pessoas ampliem sua perspectiva de carreira dentro das empresas. Um passo importante para isso seria a implantação de Plano de Cargos, Carreira e Salários em todos os bancos, com critérios objetivos e transparentes para a definição das promoções, acabando com a avaliação subjetiva dos gestores e diminuindo a margem para discriminações”, afirma.

No caso dos negros, a situação é ainda pior: os dados mostram que a discriminação começa ainda na contratação. “É preciso combater esse tipo de preconceito e promover a entrada de negros e outros setores discriminados dentro dos bancos. A criação de um ambiente que respeite verdadeiramente a diversidade criará ganhos para todos”, defende Deise.

Greve vitoriosa

Como resultado da maior greve realizada pela categoria nos últimos 20 anos, a Fenaban apresentou nesta segunda-feira 11 uma nova proposta, que inclui, além da elevação dos pisos, reajuste de 7,5% (aumento real de 3,08%) para quem ganha até R$ 5.250 (o que engloba 85% da categoria) e em todas as verbas salariais, incremento na PLR e inclusão na Convenção Coletiva, pela primeira vez, de mecanismos para combater o assédio moral no trabalho e a falta de segurança nas agências.

As conquistas dão continuidade a uma série de avanços dos últimos anos. De 2004 a 2010, por exemplo, os bancários tiveram entre 19,6% e 26,3% de aumento real no piso salarial. Veja aqui na tabela.

Outro banco é preciso, com as pessoas em primeiro lugar.

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