Valor: Santander reformula cheque especial

Valor Econômico
Maria Christina Carvalho, de São Paulo

O acirramento da concorrência com os grupos financeiros brasileiros, públicos e privados, levou o grupo Santander Brasil a acelerar a reformulação da prateleira de produtos. Na sexta-feira, o banco lançou uma nova versão do cheque especial, combinando as vantagens do produto do Real, os 10 dias sem juro, com as do Santander, o parcelamento do saldo devedor em até 36 meses pela metade da taxa.

“Estamos apontando o lápis para competir”, disse o presidente do Santander Brasil, Fábio Barbosa, ao Valor, prometendo mais novidades ainda neste semestre.

Segundo Barbosa, o produto lançado acirra a concorrência uma vez que amplia o cardápio de escolhas do cliente. Para ele, o consumidor de serviços bancários assim como o de um restaurante ou automóvel, não escolhe meramente pelo preço mas leva em conta qualidade de serviço, conveniência e produtos.

A taxa média cobrada pelo Santander no cheque especial na segunda semana de agosto era de 8,51% ao mês, acima dos 7,70% do Banco do Brasil, dos 8,39% do Bradesco e dos 8,45% do Itaú Unibanco, de acordo com a pesquisa do Banco Central (BC).

O diretor-executivo de estratégia da marca e comunicação corporativa do grupo Santander Brasil, Fernando Martins, reconheceu que o novo cheque especial é “a primeira entrega tangível para os clientes”, após a aquisição do Real pelo Santander.

Do total de 9,5 milhões de clientes do Santander, 4 milhões têm o cheque especial, mas “isso não quer dizer que todos o usem”, disse o vice-presidente sênior José Paiva Ferreira. O Realmaster existe há 35 anos.

A carteira de crédito do Santander Brasil fechou o primeiro semestre em R$ 137,268 bilhões, 14,9% acima de igual período de 2008. Desse total, 44% são operações com pessoas físicas.

De fato, a operação de compra do Real pelo espanhol Santander foi anunciada no fim de 2007 e concretizada há um ano, em 24 de julho de 2008. Desde então, a única vantagem da operação visível para os clientes foi a possibilidade de usar os equipamentos de atendimento das duas redes para determinado leque de operações, em um total de 6,5 mil pontos de atendimento.

No segundo semestre de 2010, a marca Real deixará de existir, com a conclusão da integração das duas redes. O objetivo é uma transição gradual, disse Paiva.

A consolidação caminha mais rápida na retaguarda. Foram integradas as áreas administrativas e coligadas, como administração de ativos e seguros – incluindo a Tokio Marine, adquirida em março por R$ 678 milhões.

O grupo investiu R$ 100 milhões em nova plataforma de atendimento telefônico, que vai dobrar a capacidade de atendimento dos clientes para 8 mil chamadas simultâneas.

O novo cheque especial começou a ser apresentado ao mercado neste fim de semana em uma campanha publicitária na televisão. Foram investidos um total de R$ 20 milhões na campanha, que inclui também anúncios em rádio e na mídia impressa.

O volume é significativo considerando que a verba anual do grupo para publicidade gira em torno de R$ 150 milhões. A agência que abocanhou essa conta sozinha é a Talent, que já atendia o Real.

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