Valor Econômico
Vanessa Adachi e Fernando Travaglini, de São Paulo
O Banco Santander Brasil aguarda a captação de R$ 15,6 bilhões dentro de duas semanas, no que poderá ser a maior abertura de capital do mundo neste ano, para lançar um agressivo plano de crescimento por meio da expansão do crédito. Com o dinheiro, estima-se que o banco terá capacidade para aumentar a oferta de novos empréstimos em cerca de R$ 80 bilhões. Com a folga de capital que possui hoje, pode adicionar outros R$ 70 bilhões, elevando seu poder de fogo a R$ 150 bilhões. A briga no crédito promete ficar mais quente com a retomada da economia.
O Banco do Brasil deve fazer oferta de ações em breve e ampliar em algumas dezenas de bilhões de reais sua capacidade de emprestar. A possibilidade foi aberta com a autorização do governo para que o banco aumente de 12,5% para 20% a fatia de capital nas mãos de investidores estrangeiros.
O Santander, terceiro colocado entre os bancos privados, tem dado sinais de que sua meta é aproximar-se do vice-líder Bradesco e até ultrapassá-lo nos próximos anos. Com a oferta de ações, o Santander terá capital equivalente ao do concorrente. A tarefa não é fácil, dada a impressionante força de venda do rival, baseada em um profundo conhecimento do mercado bancário no país. Mas os espanhóis tem seus trunfos. Já assumiram a liderança em crédito imobiliário entre os bancos privados, segmento que deverá ter ter a maior taxa de expansão nos próximos anos. Sua carteira de empréstimos imobiliários a vencer nos próximos 36 meses é de aproximadamente R$ 6,4 bilhões.
Dos recursos a serem captados, cerca de R$ 2 bilhões devem ser usados para pagar e resgatar títulos de dívida subordinada, um capital muito custoso para o banco. O volume dessa dívida no Santander é superior ao dos concorrentes, em termos relativos: R$ 10,9 bilhões em Certificados de Depósitos Bancários e títulos lançados no exterior.
Outra parte do dinheiro será destinada a ampliar a rede de agências em cerca de 30%. O objetivo é acrescentar 600 pontos aos 2.083 existentes hoje até 2013. Deve haver maior adensamento da rede nas regiões Sul e Sudeste, onde sua presença é maior, e busca de mais participação nas regiões Nordeste, de mais rápido crescimento, Centro-Oeste e Norte.