Valor Econômico
Vera Saavedra Durão, do Rio
Depois de fechar com sucesso no final de 2008 a compra do Metrô do Rio por R$ 995 milhões, através da Invepar – Investimentos e Participações em Infra-Estrutura S/A, a Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, planeja iniciar 2009 vendendo dois ativos de sua carteira de investimentos no ramo hoteleiro: o complexo da Costa do Sauípe e o prédio do hotel Meridién, em Copacabana. Se for bem-sucedida em sua meta de resolver estes “imbróglios”, a Previ fortalece seu caixa em quase R$ 600 milhões, já no primeiro trimestre do novo ano.
A meta da atual gestão da maior fundação do país é resolver estes negócios pendentes. Na quarta-feira passada, último dia de 2008, a diretoria da Previ esperava que o grupo espanhol Quail, principal interessado no complexo hoteleiro de Sauípe, lhe enviasse a proposta definitiva de compra do ativo, avaliado em 80 milhões, ou R$ 259,2 milhões ao câmbio de sexta-feira. A falta de comunicação dos espanhóis deixou a Previ apreensiva. Um contato dos espanhóis com o “adviser” do negócio, o Angra Partners, é esperado para esta semana.
O grupo Quail encerrou a semana passada o período de “due dilligence”, quando pode fazer sua avaliação sobre o valor do ativo pedido pela Previ. A última etapa da negociação é a apresentação da oferta definitiva do Quail por Sauípe. Se ela não ocorrer nos próximos dias, o assunto deverá ser levado novamente para manifestação da cúpula da Previ.
Ao contrário de Sauípe, considerado ativo de solução complicada no portfólio de investimentos da Previ, o prédio que abrigou o hotel Meridién, na fronteira da praia de Copacabana com a praia do Leme, Zona Sul do Rio, é alvo de grande cobiça por parte de grupos empresariais, investidores e administradores de hotéis. O valor do negócio é calculado entre R$ 300 milhões e R$ 350 milhões por especialistas do setor imobiliário. Em dezembro, a Previ recebeu 12 propostas de compra pelo ex-hotel, que tem 32 andares, um dos edifícios mais altos da orla de Copacabana.
A Vale, maior mineradora do mundo e controlada pela própria Previ, lidera o ranking dos potenciais compradores. A mineradora fez a melhor proposta pelo prédio onde pretende instalar sua sede, hoje espalhada por vários locais do Rio. A área imobiliária da Previ, segundo apurou o Valor, coletou as propostas, fez um ranking e estudou cada oferta. A lista foi apresentado à diretoria em reunião semana passada. A idéia da direção é transformar a proposta da Vale em proposta vinculante , que corresponde a um termo de compromisso de compra. A partir daí, o período de due dilligence estaria aberto para a mineradora. Se isto vier acontecer no curto prazo, a expectativa é que a venda aconteça até final do mês. Naturalmente, a operação vai exigir muita conversa, levando em conta o contexto atual pouco favorável aos negócios, pois a Previ quer o melhor preço pelo o imóvel.
Os planos da Previ para 2009 incluem ainda passar adiante o parque temático paulista Hopi Hari, em São Paulo. O negócio é visto como difícil , pois trata-se de um empreendimento que esteve em moda nos anos 80/90 e perdeu “appeal” no novo século. No ano passado, uma tentativa de venda para um grupo espanhol fracassou.
O foco de negócios da Previ para este ano é a infra-estrutura. A área de transportes, incluindo estradas, está na mira do fundo de pensão. A prova é a compra do Metrô Rio pela empresa Invepar, uma sociedade cujo capital social é controlado pela fundação e tem como parceira a empreiteira OAS. Os fundos de pensão Funcef e Petros entraram também na operação de compra do Metrô-Rio via Invepar. A Previ aguarda a autorização dos patrocinadores destes dois fundos, a Petrobras e a Caixa, e da Secretaria de Previdência Complementar, para a entrada deles no capital da Invepar. Eles entrarão como cotistas, cada um com R$ 400 milhões. A Invepar tem planos de expansão das linhas do Metrô-Rio e de adquirir outros ativos do mesmo setor.