Valor Econômico
Maria Christina Carvalho, de São Paulo
O último trimestre de 2008 foi particularmente difícil para o Panamericano. Os depósitos à vista e a prazo escassearam e o banco lançou mão das cessões de carteira para enfrentar os resgates. Boa parte da receita gerada pelas cessões foi diferida para este ano.
Por isso, o lucro líquido do quarto trimestre desabou 85,5% em comparação com o terceiro trimestre, para R$ 9,6 milhões. Apesar disso, o resultado do ano cresceu 17,5% sobre 2007 para R$ 236 milhões. O retorno sobre o patrimônio ficou em 16,8%.
“A liquidez se contraiu bastante e os bancos médios tiveram que se reestruturar e reavaliar os negócios”, disse o diretor financeiro e de relações com investidores do Panamericano, Wilson de Aro.
Para enfrentar os resgates, o Panamericano, instituição financeira do grupo Silvio Santos, aumentou as cessões de carteira. Prevendo um 2009 difícil e com nove meses de bons ganhos em 2008, o banco resolveu diferir a receita da cessão de R$ 100 milhões líquidos no prazo do contrato.
As captações totais do Panamericano caíram 4,5% do terceiro para o quarto trimestre, incluindo cessões de carteira e depósitos. Em doze meses, a variação foi de 21,6%.
A carteira de crédito também desacelerou no quarto trimestre. A produção média mensal de crédito caiu praticamente pela metade, de R$ 830 milhões no terceiro trimestre para R$ 400 milhões.
O mix de produtos continuou o mesmo, com financiamento de veículos, consignado e cartão de crédito, informou Aro.
A carteira de crédito total (incluindo as empresas coligadas e considerando as cessões de crédito) chegou a R$ 8,9 bilhões, expansão de 25,2% em relação ao mesmo período anterior. Os segmentos que mais cresceram foram os de leasing (107%), empréstimos consignados (78%) e crédito ao consumidor (18,2%).
A inadimplência aumentou. O percentual de créditos da carteira classificado entre AA e C caiu de 91% para 88% entre dezembro de 2007 e igual mês de 2008.
As despesas com provisões cresceram 33,9%, de R$ 404,8 milhões em 2007 para R$ 541,9 milhões.
Outra consequência da crise foi o forte ajuste de custo do Panamericano. Em teleconferência a analistas, Aro informou que a rede foi reduzida de 220 para 196 de pontos de venda, com a terceirização dos considerados não lucrativos. Com isso, o número de empregados caiu 25%.