Valor Online
Fernando Torres, Raquel Balarin e Murillo Camarotto
SÃO PAULO – Enquanto o Banco Central (BC) não aprova a fusão entre o Itaú e o Unibanco, as duas instituições já começam a preparar o terreno para iniciar na prática o processo de integração de suas atividades.
De acordo com Roberto Setubal, presidente do novo banco, a junção das operações vai começar pela área de banco de investimento, segmento em que integração será “mais rápida, mais simples, menos trabalhosa, envolverá menos pessoas e menos ajustes de tecnologia”. “As políticas de risco já estão integradas”, afirmou o executivo.
A equipe que trabalha na mesa proprietária, ou seja, que investe os recursos do próprio Itaú, já foi informada no mês passado de que irá se unir com a equipe que faz a mesma coisa no Itaú BBA. As pessoas que trabalham no Jabaquara (zona sul de São Paulo) serão transferidas para a avenida Faria Lima, onde fica o Itaú BBA.
Além da tesouraria do Itaú, o Itaú BBA deve incorporar a equipe da área de banco de investimento do Unibanco, lançada há menos de um ano sob a liderança dos executivos Eleazar de Carvalho Filho e Eduardo Gentil. Segundo Valor apurou, a corretora do Itaú também será incorporada pelo BBA. Questionado sobre esta mudança, Setubal negou a informação e disse que, apesar de a estrutura física da corretora ter sido deslocada para o mesmo prédio do BBA, na Faria Lima, a área seguirá respondendo a Alfredo Setubal, dentro do Itaú.
Ter um banco de investimento fortalecido combina com a estratégia anunciada por Roberto Setubal e Pedro Moreira Salles de ter uma atuação global.
Ao falar sobre o processo de internacionalização do novo banco, Roberto Setubal disse que o foco principal será na área de atacado de forma geral. Ele ressalta, no entanto, que não existe restrição prévia a qualquer tipo de negócio. “Depende do que aparecer de oportunidade de compra ou de associação”, afirmou o executivo, dizendo que neste primeiro momento os esforços estarão concentrados no trabalho de fusão dos dois bancos e não na expansão internacional.
A decisão do Itaú de reforçar o BBA ocorre poucas semanas depois de o Bradesco ter fechado a tesouraria independente do seu banco de investimento, o BBI. Os funcionários que atuavam na mesa de operações foram deslocados para a sede do banco em Osasco (SP).
Oficialmente, a junção das tesourarias foi classificada como um reenquadramento. Segundo uma fonte do Bradesco, a avaliação era de que eram duas unidades fazendo mais ou menos a mesma coisa e que o resultado não estava compensando.