Valor Econômico: Unibanco pode pagar até R$ 2 bi à AIG

Valor Econômico
Vanessa Adachi, de São Paulo
26/11/2008

Estão próximas do fim as negociações para que o Unibanco compre a participação do grupo americano American International Group (AIG) na seguradora do banco. Os contratos podem ser assinados nos próximos dias. Segundo o Valor apurou, o Unibanco poderá pagar entre R$ 1,7 bilhão e R$ 2 bilhões para assumir a fatia de 48% que a AIG detém na seguradora Unibanco AIG e, com isso, encerrar uma joint venture formada em 1997 entre os dois grupos para atuar em seguros.

Procurado, o Unibanco não se manifestou sobre as informações. No entanto, já era de conhecimento público que os dois grupos vinham negociando. Há um mês o presidente da Unibanco AIG, José Rudge, confirmou que havia feito proposta de compra da participação do grupo americano.

A AIG foi uma das instituições financeiras mais duramente atingidas pela crise das hipotecas de alto risco americanas. A empresa, até uma das maiores seguradoras do mundos e que também opera outros serviços financeiros, como leasing de aviões, foi à lona em setembro passado e teve que ser resgatada pelo governo americano. O Federal Reserve Board, o banco central dos Estados Unidos, emprestou US$ 85 bilhões ao grupo. A idéia era permitir que a empresa tivesse fôlego para levar adiante um plano de reestruturação, que inclui a venda de vários negócios e, com isso, pagar o empréstimo. A linha de crédito, com prazo de dois anos, foi garantida pelos ativos da AIG e o governo americano recebeu ações correspondentes a 79,9% do capital da AIG.

A saída da AIG do capital da seguradora do Unibanco deverá facilitar a fusão dos negócios de seguros com o Itaú. Especula-se no mercado segurador que o Itaú poderá tentar desfazer um joint venture que mantém com o grupo XL Capital, desde 2006, para atuar em grandes riscos industriais e comerciais.

Mesmo vendendo sua fatia na joint venture com o Unibanco, a AIG ainda poderá manter um pé no Brasil para, no futuro, reativar os negócios. O grupo teria interesse em ficar com uma seguradora não operacional, mas que conta com autorizações legais para atuar no mercado doméstico. Antes da associação com a Unibanco Seguros, o grupo AIG atuava localmente por meio da subsidiária AIG Brasil.

Há onze anos, em agosto de 1997, a AIG pagou US$ 500 milhões ao Unibanco para formar a joint venture. Houve uma troca de ações entre as duas seguradoras e o valor pago representava a diferença entre metade da Unibanco Seguros e metade da AIG Brasil.

Mesmo depois que a AIG foi resgatada pelo Fed e ficou com a sua imagem abalada, a sua marca ainda foi mantida por um mês ao lado do nome Unibanco. Apenas no final de outubro é que foi deflagrado um movimento para remover o nome AIG da marca da seguradora. O Unibanco investiu R$ 4 milhões na tarefa, que envolveu mudança do logo no site, nas apólices e demais materiais impressos, além de carros de resgate, motos, reboques e pontos de venda. A alteração foi feita com o consentimento da AIG.

Apesar de ser sócia, a AIG não participava da gestão da Unibanco AIG. Na época da formação da joint venture, a seguradora tinha menos de 1% do mercado local e hoje detém mais de 8%. Seu faturamento está na casa de R$ 6 bilhões anuais.

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