Valor Econômico
Maria Christina Carvalho, de São Paulo
A liquidez e o crédito começaram a dar sinais de melhora no fim de outubro e começo deste mês, afirmou o vice-presidente do BicBanco, Milto Bardini, ontem, ao divulgar os resultados do terceiro trimestre. O BicBanco teve um lucro líquido de R$ 103,6 milhões no terceiro trimestre, praticamente igual ao do segundo, acumulando R$ 300,2 milhões em nove meses, 128,3% a mais do que em igual período de 2007. O retorno sobre o patrimônio médio ficou em 25,1%.
O vice-presidente do BicBanco espera uma retomada no crédito para pessoas físicas e jurídicas a tempo do Natal. A carteira de crédito do BicBanco, focada em empresas grandes e médias, fechou setembro em R$ 9,7 bilhões, com crescimento de 6,3% no terceiro trimestre e de 50,8% sobre igual mês de 2007. O total inclui a participação modesta de consignado e crédito pessoal, que caiu pela metade em comparação com 10% de setembro de 2007.
O banco acredita que vai ganhar mais espaço no mercado de crédito para empresas com a significativa onda de consolidação que está atingindo o topo da pirâmide do mercado financeiro, primeira com a compra do Banco Real pelo Santander, depois com a fusão do Itaú com o Unibanco e, agora, com as compras em vista pelo Banco do Brasil. (BB). “Cada vez que há uma consolidação, os limites de crédito são matematicamente destruídos”, disse Bardini explicando que as empresas que são clientes dos dois bancos nunca têm os limites simplesmente somados, mas ficam com menos que esse valor.
Segundo Bardini, começam a fazer efeito a série de medidas tomadas pelo Banco Central (BC) para aliviar o aperto da liquidez e do crédito do mercado financeiro, em consequência da crise internacional. “Irrigar o mercado não é tarefa rápida. Leva algum tempo, especialmente para deslancharem as compras de carteira”, disse.
O BicBanco, informou, beneficiou-se da liberação de compulsório e participou do mais recente leilão de linha externa, arrematando US$ 50 milhões, parcialmente já repassados a clientes exportadores. E está interessado nos próximos. “Esse foi um dos instrumentos mais brilhantes criados e tem um direcionamento explícito”, disse Bardini. Mas não recorreu a outros mecanismos criados para melhorar a liquidez, como as cessões de carteira.
O investidor institucional, porém, ainda não voltou, embora a ação do BC tenha reduzido a percepção de risco do mercado. Apesar disso, o estoque de depósitos a prazo do banco cresceu 6,8% no trimestre e 59,7% em doze meses para R$ 5,6 bilhões no fim de setembro. As captações totais aumentaram 13,7% no trimestre e 59,7% em doze meses para R$ 10,1 bilhões no fim de setembro. “Passamos do momento de pânico para o de incerteza e, agora, para o risco. Risco estamos acostumados a mensurar e trabalhar com ele”, disse Bardini.
Uma providência do Bic foi aumentar o caixa disponível, que atingiu R$ 1,2 bilhão no fim de setembro, 45% superior ao de um ano antes. Atualmente, o volume é “substancialmente maior”, disse Bardini, explicando que o caixa foi engordado com o vencimento de operações. Facilitou a estratégia o fato de quase metade do crédito (43,4%) vencer em até 90 dias; e 37,7% vencem entre 91 e 365 dias. Capital de giro e descontos representam 55% das operações.