Valor: crédito ao consumo pode crescer 13% no próximo ano, diz Acrefi

Valor Econômico
Fernando Travaglini, de São Paulo

O mercado de crédito ao consumo registrou um pequeno alívio tanto na liquidez quanto na liberação de empréstimos na última semana, mas ainda mantém o ritmo de desaceleração e o crescimento para o próximo ano deve ser bem menor, na casa dos 13%.

Segundo Adalberto Savioli, presidente da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), mesmo com a crise os empréstimos devem encerrar o ano com forte crescimento, na casa dos 30%, com saldo superior a R$ 384 bilhões, disse em palestra no seminário “Perspectivas do Crédito para 2009”, promovido pela Acrefi e pela Serasa.

“A crise está começando a ficar mais branda no mercado interno. Já se fala que o crédito poderia voltar ao normal no segundo semestre de 2009”, avalia Savioli.

Apesar disso, pesquisas divulgadas ontem apontam que a alta das taxas de juros continuam. De acordo com o Procon de São Paulo, a taxa média do empréstimo pessoal superou os 6% ao mês, voltando aos patamares do primeiro semestre de 2003. O cheque especial registrou a maior taxa média desde julho de 2003 (9,27%).

Já a Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) aponta que as taxas de juros para empresas e para o consumidor mantiveram a tendência de alta em outubro pelo sexto mês consecutivo. A taxa média para pessoa física subiu para 7,54% ao mês (139,24% ao ano), maior taxa de juros média desde junho de 2006.

O que preocupa, na visão do presidente da Acrefi, é a perspectiva de uma desaceleração econômica que poderia levar a um aumento no nível de desemprego e, como conseqüência, uma elevação das taxas de inadimplência. Segundo dados do Banco Central, no fim de 2007, os atrasos acima de 90 dias estavam em 7,0%. Em agosto, esse número chegou a 7,5%, recuando em setembro para 7,3%.

Um dos setores mais importantes da economia, o da indústria automotiva, é também um dos mais representativos na concessão de crédito. O saldo dos financiamentos de automóveis representa 30% dos créditos com recursos livres. Até por isso, é um dos que mais sofrem.

O governo federal e também o Estado de São Paulo anunciaram uma linha especial de R$ 8 bilhões de liquidez para os bancos de montadoras. O montante, apesar de robusto, é suficiente apenas até o fim do ano. “O volume ideal a ser injetado no financiamento de veículos para pessoas físicas em 2009 está próximo de R$ 10 bilhões mensais”, estima Luiz Montenegro, presidente da Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef).

Compartilhe:

Compartilhar no facebook
Facebook
Compartilhar no twitter
Twitter
Compartilhar no whatsapp
WhatsApp
Compartilhar no telegram
Telegram