Valor: cartões devem bater recordes no Natal

Valor Econômico
Altamiro Silva Júnior, de São Paulo

Em tempos de crise global, o setor de cartões de crédito no Brasil se prepara para ter o melhor Natal da história. Puxado pelas vendas de final de ano, os plásticos devem movimentar R$ 26 bilhões em dezembro, um recorde para o período e 20% maior que o mesmo mês de 2007, mostram projeções da Itaucard divulgadas ontem.

A conclusão do levantamento do Itaú é que a crise ainda não chegou no setor, que vem mostrando taxas mensais de expansão sempre acima dos 20%. Mesmo em outubro, no auge da quebradeira de bancos pelo mundo e da queda das bolsas, o setor cresceu 21,3% e movimentou R$ 20 bilhões. Para este mês, a projeção é de alta ainda maior que no mês passado. Segundo as projeções, os cartões devem crescer mais 22% em novembro.

“A despeito de qualquer cenário global, o setor de cartões de crédito no Brasil continua crescendo vigorosamente”, diz Fernando Chacon, diretor de marketing do Itaú.

Pelo menos cinco fatores contribuem para a expansão do setor, segundo Chacon. O mais importante deles é a crescente substituição do uso de cheques por cartões. Estimativas do banco mostram que, este ano, o total de transações com cartões vai ser o dobro do número de cheques compensados (2,8 bilhões frente a 1,4 bilhão, respectivamente). Há dez anos, eram 500 milhões de pagamentos com cartões frente a 2,8 bilhões com cheques.

Chacon avalia que, apesar desse crescimento, o país chegou a ter em 1994 em torno de 4,1 bilhões de cheques compensados, enquanto os cartões estão chegando agora a 2,8 bilhões de transações. Ou seja, considerando o que já foi feito pelos cheques no passado, há potencial para aumentar ainda mais as operações com cartões.

Os outros fatores citados por Chacon são o aumento do número de plásticos no mercado aliado à expansão do número de estabelecimentos que aceitam cartões. O país deve encerrar o ano com 110 milhões de plásticos, crescimento de 18%. O número de pontos cadastrados deve bater em 1,4 milhão de estabelecimentos, 367% maior que há dez anos. “Vale lembrar que está ocorrendo uma maior distribuição geográfica destes pontos, em outras regiões do país e nas periferias das grandes cidades.”

Por fim, Chacon cita o maior uso do cartão como meio de financiar compras e o aumento do hábito de uso dos cartões pela população, que vêm usado o plástico cada vez mais em compras de menor valor. No caso do crédito, o saldo das operações no Banco Central, que inclui o parcelado com e sem juros no cartão e o crédito rotativo, chegou a R$ 63 bilhões em setembro, 29% a mais que em igual mês de 2007.

Segundo Chacon, há o risco de uma maior inadimplência em 2009, mas os números até agora não sinalizam aumento para este ano. Outra possibilidade são os lojistas reduzirem o número de pagamentos nas compras parceladas sem juros em um cenário de crédito escasso e com o setor precisando de capital de giro.

Atualmente, o parcelamento médio é de quatro vezes, mas várias redes oferecem compras em até 12 vezes pelo cartão. O parcelado sem juros já responde por 51% do volume mensal movimentado pelos cartões. Pelo menos para o Natal, avalia Chacon, a expectativa é que não haja mudanças. Em conversas com executivos do setor de supermercados, Chacon relatou que eles têm tido recordes de itens vendidos e de volume movimentado. No Natal, as vendas parceladas no cartão chegam a representar 55% do que é gasto com os plásticos – o que daria um total de R$ 14 bilhões para o próximo mês.

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