Valor: BC fecha representações de bancos estrangeiros

Valor Econômico
Cristiane Perini Lucchesi, de São Paulo

O Banco Central determinou o fechamento dos escritórios de representação de todos os bancos estrangeiros que possuem filial no país. Antes, era comum os bancos terem suas subsidiárias e um escritório na área de “private banking” (gestão de fortunas) como representante direto da matriz, que não tinha qualquer vínculo formal com elas. Por não serem bancos, escapavam da fiscalização regular do BC.

O BC apertou o cerco sobre esses escritórios após investigações da Polícia Federal que culminaram na prisão de executivos, acusados de práticas contra o sistema financeiro, lavagem de dinheiro, remessa ilegal de divisas, formação de quadrilha e gestão fraudulenta. O BC tem relembrado aos bancos as regras da Resolução nº 2.592, de 1999, a primeira sobre o assunto, que determina que esses escritórios podem existir apenas para fazer contatos comerciais e transmitir informações à matriz. E, mesmo com as instituições que preenchem essas condições, o BC tem sido mais rigoroso. Fez visitas recentes aos escritórios já em operação e exige a apresentação do plano de ação de longo prazo para os bancos que pretendem abrir representações no país.

Credit Suisse, Merrill Lynch e UBS, investigados pela PF, e a área de “private” da AIG da Suíça fecharam seus escritórios no Brasil. O Royal Bank of Canada, que começou a atuar agora com “private banking”, abriu uma distribuidora que incorporou sua representação. O HSBC, que não foi alvo de investigação da PF, se adiantou à determinação e incorporou seus três escritórios ao banco múltiplo.

Deixaram o país antes disso as representações dos bancos israelenses Hapoalim e Leumi, investigados por fraudes e lavagem de dinheiro. Já o Israel Discount Bank, terceiro maior de Israel, também com escritório no país, concordou em pagar até US$ 25 milhões em 2005 para encerrar investigações nos EUA sobre transferências ilegais de recursos e lavagem de dinheiro que movimentaram US$ 2,2 bilhões vindos do Brasil.

O Wachovia Securities fez o mesmo com seus dois escritórios. Levou seus 80 funcionários para uma reunião na sexta-feira para avisar sobre o fechamento. Na segunda-feira, quando os funcionários voltaram a suas mesas, seus pertences estavam em caixas e todos os arquivos haviam sido apagados ou enviados para Montevidéu, no Uruguai.

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