Valor Econômico
Maria Christina Carvalho, de São Paulo
Depois de terem perdido espaço no mercado de crédito para os bancos públicos, as instituições médias começam a mostrar uma reação. Os primeiros sinais apareceram nos balanços do segundo trimestre, especialmente nas operações de varejo. Isso foi possível com a melhoria da liquidez e a recuperação do crédito para pessoa física.
“O segundo trimestre foi o primeiro depois da crise em que o crédito cresceu”, disse o vice-presidente do Fibra, Osias Brito. A carteira total de crédito do Fibra aumentou 7% no segundo trimestre, puxada pelas operações de varejo que saltaram 25%. Ao fim de junho, a carteira de crédito do banco totalizou R$ 4,1 bilhões, mas ainda era 18,3% inferior aos R$ 5 bilhões de junho de 2008.
Segundo Brito, o Fibra está bem posicionado para aproveitar a recuperação do varejo. “Cerca de 60% da mão de obra empregada depende do setor público, via bolsa família, aposentando ou diretamente depende do setor público.”
Por isso, apesar da crise, a promotora do grupo, a GVI, continuou ampliando os pontos de venda em empresas de varejo, passado de 8,3 mil para 10,5 mil em um ano. Ela financia a venda de empresas de turismo, lojas de pneus, eletrodomésticos e eletroeletrônicos. Essas operações “ajudam muito na margem operacional porque a inadimplência é baixa”, disse Brito, lembrando que o resultado operacional do banco cresceu 113% no primeiro semestre em comparação com igual período de 2008.
A carteira de varejo, incluindo operações adquiridas, representam de 20% a 25% da carteira total de crédito do Fibra. A maior fatia é do crédito para empresas que ainda está devagar. “O crédito para pessoa jurídica ainda sente os efeitos da crise”, disse Brito, mas começa também a reagir.
A carteira de crédito para pessoa jurídica cresceu 6,5% em julho; e as empresas começam a usar os limites de crédito, informou. “O quarto trimestre deve ser bom para os negócios com pessoas jurídicas”, prevê.
Especializado em crédito pessoal consignado, o Banco Cruzeiro do Sul ampliou a carteira em 9,9% apenas no segundo trimestre, para R$ 3,789 bilhões, que ainda assim é 1% menor do que estava em junho de 2008.
Segundo o diretor de relações com investidores do Cruzeiro do Sul, Fausto Guimarães, o desempenho em originação de crédito já está próximo da marca do segundo trimestre de 2008, que foi a melhor em todos os tempos. No segundo trimestre de 2008, o banco originou R$ 862 milhões em crédito consignado; no segundo trimestre deste ano, foram R$ 817 milhões. Segundo Guimarães, a demanda por consignado não diminuiu nesse período, o banco é que pisou no freio por causa do aperto de liquidez.
Mas, a melhora da oferta de recursos permitiu a reativação dos negócios a partir do fim do primeiro trimestre. A captação em depósitos a prazo no segundo trimestre deste ano – o CDB comum e o com garantia especial, o DPGE – foi 101% superior ao do segundo trimestre de 2008 e 49,65 maior do a do primeiro deste ano, alcançando R$ 2,8 bilhões.