Vagner Freitas
Os trabalhadores bancários totalizam 513 mil pessoas distribuídas por todo o território nacional. Presentes em todos os estados do Brasil, os bancários produziram um belo espetáculo de unidade e conquistaram vitórias importantes, mas que também representam ganhos para outros setores da economia brasileira, além de ser um exemplo positivo de negociação coletiva para outras categorias de trabalhadores.
Os bancários conquistaram um reajuste salarial de 8% nesse ano, o que significa um acréscimo anual na economia de R$ 2,861 bilhões em pagamentos de salários. Além desse valor, são mais R$ 5,318 bilhões injetados na economia através do pagamento da PLR (Participação nos Lucros e Resultados) ao longo dos próximos 12 meses, sendo que uma parte considerável será paga agora, após a assinatura do acordo.
Podemos citar ainda o reajuste no auxílio refeição e alimentação que adicionam aos valores citados acima mais R$ 429,14 milhões em um ano. Finalmente, soma-se a esses benefícios a cláusula inovadora que foi conquistada esse ano – o vale-cultura de R$ 50, que beneficiará trabalhadores bancários que recebem até 5 salário mínimos, injetando outros R$ 113 milhões a mais em um ano.
Somando todos esses valores a quantia chegará a R$ 8,722 bilhões (14,5% superior a campanha do ano anterior) a mais na economia brasileira em um ano entre salários e benefícios.
Esses recursos financeiros, considerando a grande capilaridade da categoria bancária, ajudarão economias locais, mas também as grandes metrópoles, com impactos positivos no comércio varejista em geral, em restaurantes, supermercados e em estabelecimentos de cultura, ou ainda em setores de serviços, como estabelecimentos educacionais e de cuidados pessoais, gerando assim, um movimento positivo nesses setores.
Outro significado importante da resistência durante os 23 dias de greve e do acordo bem sucedido dos bancários é o exemplo para outras categorias, que deve influenciar positivamente nas negociações importantes do segundo semestre que ainda estão em curso, como petroleiros, metalúrgicos, professores, alimentação, além de outras categorias.
Muitos comentaristas de plantão anunciavam um ano fraco para as negociações coletivas. Vimos no primeiro semestre que apesar das dificuldades, 85% das categorias registraram reajuste salarial acima da inflação. Inconformados, esses comentaristas começaram a dizer que o desempenho da economia teria impacto negativo sobre as negociações apenas no segundo semestre. O acordo dos bancários mostra o contrário: a organização dos trabalhadores por uma luta justa garantiu a conquista dos direitos e ainda, com impactos positivos por toda economia.
As trabalhadoras e os trabalhadores bancários estão de parabéns, porque são exemplo de superação das amarras à negociação existentes na legislação atual, porque conquistaram avanços importantes e inovadores e deram uma respostas àqueles que desenhavam um quadro pessimista sobre as negociações coletivas em 2013.
Vagner Freitas é presidente da CUT Nacional