Vaccari fala em audiência no Senado e rebate acusações sobre Bancoop

Dos quatro convidados a dar esclarecimentos, apenas o ex-presidente da cooperativa habitacional dos bancários (Bancoop) e tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, e o advogado Pedro Dallari compareceram à audiência pública conjunta realizada na terça-feira, 30 de março, pelas Comissões de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA) e de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) do Senado.

O promotor José Carlos Blat, do Ministério Público de São Paulo, deveria estar presente para justificar as acusações de desvio de verbas contra a Bancoop e dizer a razão de a denúncia ainda não ter sido formalizada à Justiça, mas alegou problemas pessoais para não participar. Outro denunciante convidado, o corretor de câmbio Lúcio Bolonha Funaro, não foi nem justificou a falta. Por se tratar de um convite das comissões, não havia obrigação de comparecer.

Durante quatro horas e meia, Vaccari e Dallari responderam perguntas dos senadores, notadamente os do PSDB, que insistiram na abordagem via matérias publicadas sobre o tema pela revista Veja. “O conjunto das acusações que a revista nos faz não é verdadeiro. Tenho me dedicado à recuperação e à solução dos problemas que tivemos e temos ainda na Bancoop. Estamos caminhando para a solução deles”, disse. Vaccari destacou que “não houve, na Bancoop, contribuição a partidos políticos”, em resposta a questionamentos do senador Álvaro Dias (PSDB-PR).

O tesoureiro disse que saques da conta corrente da Bancoop, identificados pelo Ministério Público, são de “operações interbancárias”. E foi enfático: “reivindico publicamente que o promotor (Blat) aponte os cheques que diz serem saques indevidos para que possamos mostrar quais contas pagamos e nos defender publicamente”.

Para o advogado da Bancoop, Pedro Dallari, o assunto no Senado está encerrado e uma eventual insistência em convocar Vaccari seria uma demonstração de que se trata, exclusivamente, do fato de ele ser atualmente tesoureiro do PT. “Estão fazendo o que se chama de oxigenar um inquérito criminal”, disse Dallari, referindo-se ao fato de Blat ter usado a reportagem da revista para reacender o caso.

CPI

Nessa quarta-feira 31 teve início na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI da Bancoop) com base nas investigações promovidas pelo promotor Blat. A CPI foi instalada em tempo recorde pela maioria governista na casa, ligada ao governador, agora candidato à Presidência da República, José Serra. “Se a matéria já é objetivo de apreciação judicial, para que uma CPI?”, indaga o advogado Pedro Dallari.

Sobre a Bancoop e João Vaccari Neto

Diante dos fatos – o depoimento de João Vaccari Neto no Senado e a abertura de CPI na Assembleia Legislativa – o Sindicato dos Bancários de São Paulo vem a público destacar pontos importantes. A cooperativa habitacional dos bancários (Bancoop) foi criada por trabalhadores bancários há 14 anos. Ao longo do tempo, cresceu e ganhou autonomia. Em dezembro de 2004, com a morte do então presidente Luiz Malheiros, o diretor do Sindicato João Vaccari Neto passou a dirigir a cooperativa.

Uma das primeiras medidas de Vaccari foi solicitar uma auditoria, que constatou os problemas de descolamento entre o valor inicial estimado cobrado pelos imóveis e o custo apurado ao término dos empreendimentos.

Foram respeitados os princípios do cooperativismo, de acordo com o qual as sobras devem ser divididas e o que faltar tem de ser rateado entre todos os cooperados. Os resíduos gerados pela diferença de valor entre o início e o fim das obras estão sendo administrados com o objetivo de que todas as unidades sejam construídas e entregues. Apenas 8,2% ainda não foram concluídas. Mesmo após o rateio, o valor final dos empreendimentos – todos de ótima qualidade e muito bem localizados – está abaixo de outros na mesma região.

Por acreditar na importância desse projeto que permitiu a milhares de famílias adquirir uma casa ou apartamento, o Sindicato continua trabalhando, ao lado da Bancoop, para que todos sejam contemplados com seus imóveis no menor espaço de tempo possível.

Alguns cooperados se recusaram a participar do rateio, o que causou dificuldades em alguns empreendimentos para os quais vêm sendo estudadas medidas como a transferência para outras construtoras.

João Vaccari Neto trabalhou incessantemente nos últimos seis anos para resolver os problemas da cooperativa. Militante bancário há mais de 30 anos, Vaccari ajudou a construir a unidade dos bancários no país, o que resultou na Convenção Coletiva de Trabalho Nacional, um dos maiores patrimônios da categoria. Participou da criação da maior central sindical brasileira, a CUT, protagonista dos principais avanços alcançados pelos trabalhadores no Brasil.

A trajetória de Vaccari se funde aos principais momentos da luta pela construção de uma sociedade mais justa e democrática. Como sua atuação à frente do Sindicato na luta contra a privatização do Banespa, que atrasou o processo por seis anos. Isso permitiu a mais de 14 mil trabalhadores manter seus empregos e chegar à aposentadoria com os direitos previstos pelo banco público.

Em nome do mau jogo político, há setores que tentam macular essa trajetória. Mas contra fatos não há argumentos. Vaccari dedicou uma vida de muito trabalho aos bancários e a todos os trabalhadores brasileiros. O Sindicato está ao lado desse trabalho que, hoje, tem por principal objetivo sanar todos os problemas financeiros da Bancoop, até que todos recebam os empreendimentos a que têm direito.

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