O Tribunal Regional do Trabalho de Mato Grosso determinou que o Unibanco indenize uma ex-funcionária em R$ 80 mil por danos morais. O banco obrigava a trabalhadora a se insinuar para os clientes para cumprir metas. Em algumas ocasiões a empregada era obrigada a participar de “happy hours” para se aproximar dos clientes, além disso, ela era obrigada a usar roupas decotadas e curtas.
O Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários e do Ramo Financeiro em Mato Grosso condena tal prática desempenhada pela empresa. “É lamentável que os bancos insistam em adotar tais práticas. É importante que os trabalhadores denunciem esse tipo de assédio ao Sindicato e procurem seus direitos”, argumenta a secretária de saúde e condições sociais do SEEB-MT, Italina Facchini.
Além de serem submetidas a esse tipo de assédio, pesquisa realizada pela Contraf-CUT revelou que as mulheres continuam sendo discriminadas pelos bancos em seu ambiente de trabalho. O salário médio das mulheres contratadas pelos bancos no primeiro trimestre de 2009 foi de R$ 1.535,34, enquanto a remuneração média dos homens admitidos no mesmo período chegou a R$ 2.022,56 – uma diferença de 24,09% em prejuízo das bancárias. Além disso, houve uma redução de 11,2% no salário médio das mulheres contratadas este ano em relação ao primeiro trimestre de 2008, quando esse valor foi de R$ 1.729,37.
No processo relativo à ex-funcionária do Unibanco teve como relator do recurso o desembargador Edson Bueno. O magistrado entendeu que se podia concluir, a partir das provas orais produzidas, que a bancária, de fato, sofreu dano moral, pois teve “violada sua intimidade, sua vida privada e sua honra, ao ser obrigada a usar roupas curtas e a se insinuar para clientes masculinos, a fim de não perder o seu emprego”.
Em entrevista ao jornal Diário de Cuiabá, o advogado da trabalhadora, Cássio Felipe Miatto, afirmou que “os atos giravam à beira da prostituição”. Segundo o defensor, a orientação de se insinuarem aos clientes chegava via e-mail às funcionárias, sendo que elas eram incentivadas a chamar os clientes a boates e bares. O texto revela que uma testemunha chegou a dizer na Justiça que, numa festa em 2004, viu a gerente garantindo a alguns clientes que poderiam “escolher qualquer empregada do banco, que tinha loira, morena e japonesa”.