O Unibanco acaba de promover uma demissão “criminosa” e que revela toda a falta de sensibilidade da empresa. Trata-se de um deficiente físico, que teve a saúde prejudicada por uma doença ocupacional adquirida por causa do banco.
“Cadê a responsabilidade social que o Unibanco prega em suas propagandas?”, questiona o diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Carlos Miguel Damarindo, o Carlão. “O mínimo que o banco poderia fazer nessa situação é dar todo o conforto que os empregados precisam para se recuperar dos problemas de saúde. Mas, em vez disso, o Unibanco demite quem não pode produzir como antes e acaba gerando prejuízos até psicológicos, pois na hora que o bancário mais precisa do emprego é dispensado como um objeto que perde a utilidade. Essa demanda foi encaminhada para o RH do banco e o Sindicato está pressionando a direção da empresa e exige a reintegração imediata do funcionário”, afirma.
LER
Carlão relata que o empregado com deficiência física foi contratado pelo banco em janeiro do ano passado só para atingir a cota mínima exigida pela lei. Portador de uma doença congênita, o funcionário tem dificuldades com a perna e o braço esquerdos. “Mas o banco nunca considerou a deficiência do bancário e o colocou para exercer a função de caixa. Como ele praticamente só movimenta a mão direita, todo o serviço era feito com ela, o que acabou gerando uma série de problemas no braço que antes era bom, como LER/Dort e bursite. Ele foi afastado pelo INSS duas vezes e sempre que retornou o banco colocou-o na mesma função que o adoeceu, apesar de o médico ter pedido para que ele não trabalhasse mais como caixa”, explica.
O bancário voltou do último afastamento no dia 19 de maio. Com dificuldades para exercer a função, pediu para o gerente trocá-lo de atividade. O gestor, entretanto, mostrou a mesma postura insensível do banco e disse para o bancário não se preocupar porque o Unibanco havia preparado uma “surpresa” para ele. No dia 5 passado, a “surpresa” foi a demissão.
“A postura do gerente é um reflexo do ambiente de trabalho imposto pelo Unibanco, em que as pessoas ficam num segundo plano e o lucro e superar metas são as únicas coisas que interessam. Apesar da forma desumana com que o banco trata seus empregados e clientes, nada justifica a atitude do gerente, pois só um mau caráter pode zombar de um colega demitido, ainda mais nas condições em que esse bancário foi dispensado”, afirma Carlão.