Os dirigentes da União Europeia fecharam um acordo para a implantação gradual da supervisão bancária comum na zona do euro, revela o comunicado publicado na madrugada desta sexta-feira (19), por ocasião da Cúpula de Bruxelas.
“Estabelecemos um objetivo claro” para avançar em direção à união bancária, disse o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy.
O grupo encarregou o Banco Central Europeu (BCE) da supervisão do conjunto dos 6.000 bancos da zona do euro até o final de 2013.
A chanceler alemã, Angela Merkel, advertiu que a entrada em vigor da supervisão levará “tempo” e se produzirá “ao longo de 2013”. Os chefes de Estado e de Governo da União Europeia acertaram um calendário “muito ambicioso”, mas “sempre dissemos que a qualidade deve prevalecer sobre a rapidez”, com o objetivo de obter uma “supervisão bancária digna de seu nome”.
A supervisão para controlar todos os bancos da zona do euro “não se iniciará em 1º de janeiro”, mas “ao longo de 2013”, afirmou Merkel, lembrando que o presidente do BCE, Mario Draghi “nos disse que isto levaria tempo”.
Após uma dura queda de braço com o presidente francês, François Hollande, a chanceler alemã conseguiu retardar a entrada em funcionamento do mecanismo, mas França e Comissão Europeia (CE) atingiram seu objetivo de submeter os 6 mil bancos da zona do euro ao BCE.
Os dirigentes da zona do euro também “saudaram os avanços da Grécia para encarrilhar o programa de ajustes”, aplaudindo “a determinação do governo grego e os esforços notáveis realizados pelo povo”, e destacaram que “o Eurogrupo examinará as conclusões do relatório” da troica (UE, BCE e FMI) e “adotará as medidas necessárias”.
Atenas espera o desbloqueio urgente de uma parcela de 31,5 bilhões de euros do plano de resgate.
Sobre o eventual socorro à Espanha, o presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy, afirmou que não há novidades. “Até que eu comunique, não haverá qualquer notícia e, no momento, não há nada de nada”.
“Ninguém discutiu isto, não está na ordem do dia e não me consta que alguém tenha falado sobre este assunto. Não acreditem em tudo que está escrito por aí”.
François Hollande confirmou que a Cúpula não tratou do caso espanhol, mas garantiu que se a Espanha pedir ajuda à zona do euro, a posição da França não será a de pedir mais “austeridade”.
“Não há razão para impor mais condições de austeridade sobre a austeridade, já que a Espanha faz todos os esforços necessários” para reduzir seu déficit.
“A Espanha é a única que pode decidir se pede ajuda e, evidentemente, escolher o momento de fazê-lo”, disse o chefe de Estado francês.
Hollande pediu que “se reduza o mais cedo possível” a carga sobre os países que pagam juros muito altos para se refinanciar.
O eventual pedido de ajuda de Madri deverá ser feito oficialmente ao Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEDE). Assim, será cumprido o passo exigido pelo BCE para intervir comprando títulos da dívida nos mercados secundários.
A demanda espanhola poderia ser atendida ao mesmo tempo que o desembolso da parcela de 31,5 bilhões de euros de ajuda à Grécia, pendente desde junho.
A Comissão Europeia (CE) anunciou que a troika (UE, BCE e Fundo Monetário Internacional) encerrou sua missão em Atenas, abrindo o caminho para um acordo na Grécia.
Contudo, a sociedade grega já não quer saber mais dos ajustes. A Grécia enfrentou outra greve geral, a quarta no ano, contra as duras medidas que o governo acordou com Bruxelas.