Os líderes da União Europeia fecharam um acordo nesta quinta-feira, dia 21, para um segundo resgate à Grécia, que incluirá a participação do setor privado.
O novo pacote será no valor de 109 bilhões de euros [R$ 244 bilhões], dos quais o setor privado irá contribuir com 37 bilhões de euros [R$ 82 bilhões].
Ao longo de 30 anos, a contribuição do setor privado será de 135 bilhões de euros [R$ 302 bilhões], segundo o presidente da França, Nicolas Sarkozy.
Os chefes de Estado e de governo dos países da zona euro se reuniram em Bruxelas para discutir as condições do segundo pacote em menos de um ano para ajudar o país em crise. O primeiro pacote de ajuda, fechado em maio do ano passado, foi de 110 bilhões de euros [R$ 246 bilhões].
A participação de bancos privados no socorro financeiro ao país europeu deverá ser considerado um calote, mesmo que parcial, pelas agências de classificação de risco.
Sarkozy se recusou a usar a palavra “default” ou moratória. Ele disse que default parcial não faz parte do seu vocabulário.
Diante das críticas das agências de classificação de risco nos últimos meses, Sarkozy prometeu que a França e a Alemanha pretendem avançar na criação de uma agência de classificação europeia.
No início da reunião, diversas opções estavam sobre a mesa. Uma das propostas era permitir que a Grécia entre em um “default temporário”.
PARTICIPAÇÃO EUROPEIA
Sarkozy afirmou que com a ajuda da União Europeia, a dívida grega será reduzida em 12 pontos percentuais. Atualmente, a dívida grega soma 350 bilhões de euros.
Uma das contribuições da União Europeia para ajudar a Grécia será flexibilizar as condições de empréstimo ao país. As taxas de juros, por exemplo, serão reduzidas de 4,5% para 4% a 3,5% ao ano.
O prazo de pagamento também será alongado, de 7,5 anos para, no mínimo, 15 anos. O prazo poderá chegar a 30 anos, prorrogáveis por mais 10 anos.
Segundo Sarkozy, a redução dos juros representará uma economia de 30 bilhões à Grécia em 10 anos.
Portugal e Irlanda, outros países que receberam ajuda da União Europeia e do FMI (Fundo Monetário Internacional), também serão beneficiados com o alívio nas condições da ajuda.
O FMI também irá contribuir com o novo pacote. A nova diretora-gerente do Fundo, Christine Lagarde, também estava presente na reunião, mas ela não participou da entrevista coletiva para explicar o acordo.
CRISE DA DÍVIDA
A chamada crise da dívida europeia foi uma consequência da crise econômica de 2008. Para proteger a economia, os governos aumentaram suas despesas.
Aqueles que já tinham gastos públicos elevados viram a dívida estourar, junto com as taxas de juros. Essa bola de neve levou os países periféricos a atingir deficits públicos recordes, perdendo a capacidade de pagar a dívida.
A Grécia, uma das mais afetadas pela crise, já recebeu em 2010 um pacote de resgate de US$ 160 bilhões [R$ 358 bilhões] da União Europeia e do FMI. O país, contudo, não conseguiu cumprir as metas fiscais previstas.
Agora, tenta receber um pacote ainda maior, pelo qual aprovou um novo e amplo pacote de medidas de austeridade que prevê uma economia de até ? 28 bilhões (R$ 63 bilhões) aos cofres públicos por meio de cortes de gastos e aumento de impostos até 2015.