A busca por alternativas para conter a crise da dívida europeia levou nesta sexta-feira (5) líderes políticos da Espanha, da França, da Alemanha e de Portugal a intensificar as negociações. O primeiro-ministro da Espanha, José Luis Zapatero, suspendeu suas férias e anunciou reuniões com a equipe de governo.
As articulações aumentaram após as autoridades chinesas e japonesas apelarem por uma cooperação global em decorrência das quedas das principais bolsas de valores no mundo. As conversas se intensificaram no momento em que os principais mercados financeiros europeus voltaram a abrir em queda hoje.
A queda das bolsas de valores na Europa seguiram a tendência do que ocorre hoje nas bolsas asiáticas e ontem (4) nos Estados Unidos. No início do pregão hoje, os principais índices das bolsas de Londres (Grã-Bretanha) e Frankfurt (Alemanha) registraram perdas de cerca de 3%, enquanto na França a queda chegou a quase 2%.
O presidente da França, Nicolas Sarkozy, e Zapatero conversaram sobre o assunto por telefone. A solução para a crise financeira da zona euro tem de ser global, segundo o comissário europeu dos Assuntos Econômicos e Monetários, Olli Rehn.
“A crise atual tem uma dimensão e ramificações globais com os potenciais riscos de contaminação para além das fronteiras europeias”, disse Rehn, defendendo como sendo de suma “importância crítica” a articulação entre as instituições europeias e as demais internacionais.
Crise se espalha na Europa
O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, alertou na quinta-feira (4) que a crise da dívida se espalha, podendo afetar grandes economias da zona do euro. A advertência está em uma carta dirigida aos governos europeus.
“Os mercados ainda não estão convencidos de que estamos tomando os passos necessários para resolver a crise”, disse Durão Barroso. “Está claro que não estamos mais gerenciando uma crise apenas na periferia da zona do euro.”
Na correspondência, Durão Barroso pediu uma reavaliação de todos os elementos do Instrumento Europeu de Estabilidade Financeira (EFSF, na sigla em inglês) – um fundo criado em 2010 em resposta à crise da dívida em países da zona do euro, como a Grécia, a Irlanda e Portugal – com o objetivo de evitar o contágio de outros países.
“Os governos precisam acelerar os procedimentos de aprovação para a implementação dessas decisões de forma a realizar melhorias operacionais no EFSF muito em breve”, diz o texto enviado por Durão Barroso.
Apesar da criação de um pacote de resgate para a Grécia, no último dia 21, os juros para a rolagem da dívida da Espanha e da Itália, terceira e quarta maiores economias da zona do euro, chegaram a níveis recorde esta semana.