A luta dos trabalhadores do sistema financeiros dos Estados Unidos, com a Campanha de Organização dos Bancários Americanos, organizada pelo Committee for Better Banks (CBB) – Comitê por Melhores Bancos –, ganhou força com diversas atividades realizadas entre os dias 10 e 11 de junho, em Washington.
A Contraf-CUT está entre as entidades que fazem parte do CBB, uma coalizão de trabalhadores do setor bancário, organizações comunitárias, sindicatos americanos e internacionais que também reúne: CWA (EUA), Seeb-SP (Brasil), La Bancaria (Argentina) e CC.OO. (Espanha).
A campanha foi dividida em duas frentes. A primeira tem como objetivo alcançar o reconhecimento dos sindicatos e negociações coletivas no setor bancário, trabalhando em parceria com sindicatos de trabalhadores de outros países.
A segunda é construir uma organização nacional dos trabalhadores bancários nos Estados Unidos, incluindo as demandas dos trabalhadores bancários e as demandas das comunidades, em níveis local, estatal e nacional.
Atualmente há comitês de trabalhadores em várias cidades incluindo Boston, Providence, Newark, Orlando, Saint Lois, Minneapolis, Kansas City, Dallas e Los Angeles.
A Contraf-CUT atua na cidade de Orlando, onde há um Service Center do Banco do Brasil, e nacionalmente participa da campanha junto com a CWA.
O Banco do Brasil é peça fundamental no projeto e que desde 2011, um acordo marco, liderado pela Contraf-CUT e assinado com o banco, garante a livre organização do trabalho, a sindicalização e diretos fundamentais aos funcionários do BB.
“Os norte-americanos representam um terço dos trabalhadores do sistema financeiro no mundo, mas não conseguem se manter somente com o salário e precisam de ajuda do governo para sobreviver, uma espécie de bolsa-família. A falta de legislação trabalhista nacional prejudica a organização dos trabalhadores. As leis são locais e as empresas barram a ação sindical”, explicou o secretário de Relações Internacionais, Mario Raia, que participou do encontro nos Estados Unidos.
Audiência
No dia 10 de junho, aconteceu Audiência no Congresso Americano e visita a órgãos reguladores. No início da audiência, em ato coordenado pelo Comitê por Melhores Bancos, o NELP – National Employment Law Project (organização que trabalha com políticas para criar bons empregos, ampliar o acesso ao trabalho e reforçar as proteções e apoio para os trabalhadores de baixos salários e os desempregados) lançou o relatório "Banking on The Hard Sell", que aponta a expansão de práticas predatórias dos grandes bancos americanos nacionalmente.
A análise dos dados do setor, ações judiciais coletivas e entrevistas com dezenas de trabalhadores bancários da linha de frente revelou as táticas inescrupulosas que Wells Fargo e outros grandes bancos norte-americanos estão usando para forçar a venda predatória de produto para os clientes.
A audiência pública contou com a presença dos deputados Keith Ellisson, Rick Nolan and Alan Grayson, e teve a apresentação do relatório e depoimentos de bancários de diversas regiões do país.
Também participaram da audiência o secretário de Relações Internacionais da Contraf-CUT, Mario Raia, os membros do Presidium (da reunião de sexta-feria): Rita Berlofa, Masakazu Tahara (vice-presidente pela região Ásia), Michael Budolfsen (vice-presidente pela região Europa), Eduardo Negro (vice-presidente pela região América), Marcio Monzane (UNI Global Union), Aldo Acosta, Guillermo Maffeo (La Bancaria-Argentina), Francisco José Utrilla (CC.OO. Espanha), Angelo de Cristo (FABI – Itália) e Teresa Casertano e Sandy Rusher (CWA).
No final da tarde, os sindicalistas também participaram de reuniões com os órgãos reguladores Consumer Financial Protection Bureau, Office of the Controller of the Currency, entre outros.
Treinamento e Planejamento
Durante a manhã do dia 11, cerca de 40 bancários de diferentes instituições financeiras, cargos e regiões do país, que participaram das atividades do dia anterior, juntamente com a delegação internacional, participaram de uma seção de treinamento sobre como construir comitês locais.
No período da tarde, discutiram o planejamento nacional da campanha para os próximos seis meses particularmente nos aspectos sobre metas abusivas, incrementos salariais, agenda de trabalho justa e neutralidade e não interferência na organização sindical.
"É impressionante o trabalho que vem sendo desenvolvido com os bancários, que estão se unindo com grupos comunitários para defender um sistema bancário melhor e mais justo, além de ver como está tomando corpo este movimento que iniciamos há apenas alguns anos atrás", disse Rita Berlofa.
Presidium de UNI Finaças
Antes das atividades relacionadas à campanha, no dia 9 de junho, em Washington, acorreu a reunião do Presidium* de UNI Finanças, com a participação da presidenta da UNI Finanças, Rita Berlofa (dirigente sindical do Seeb-SP), e dos vice-presidentes regionais das Américas, África, Europa e Ásia-Pacífico.
Entre os temas abordados na ocasião, a entidade discutiu como dar maior alcance mundial à mobilização contra as práticas antissindicais nos EUA, além dos informes sobre atividades regionais, digitalização – consequência para os trabalhadores –, comunicação e os impactos de Basiléia III sobre o Setor Financeiro.
Fórum Global
Os integrantes do Committee for Better Banks (CBB) – Comitê por Melhores Bancos – participam de 24 a 26 de outubro do Fórum Global sobre Teletrabalho da OIT (Organização Internacional do Trabalho), em Genebra, na Suíça.
A estimativa da OIT é que cerca de 30% dos trabalhadores percam seus empregos para a digitalização, em até oito anos. O setor financeiro é um dos mais afetados, só no Brasil. As transações pelos canais digitais (internet e mobile banking) ultrapassaram mais de 50% do total, em relação a outras modalidades.
“Como podemos ter diálogo com as companhias para mantermos empregos?”, indagou Rita Berlofa. “Não somente sobre bancários, mas trabalhadores em geral e consumidores, são alvos das exclusão digital, que precisa ser amplamente debatida”, reforçou a presidenta da UNI Finaças.
Impactos de Basiléia III sobre o Setor Financeiro
Michael Budolfsen, vice-presidente pela região Europa, apresentou uma proposta sobre os debates da Basiléia III, conjunto de propostas de reforma mundial da regulamentação bancária.
A ideia é construir um relatório mundial sobre problemas dos impactos de Basiléia III nos respectivos países, principalmente sobre as pequenas instituições que atendem comunidades locais. Apresentar propostas para influenciar o Comitê de Basiléia, com recomendações dos trabalhadores.
Michael Budolfsen também destacou que “é preciso unir forças, e nenhuma organização no mundo pode dar esta contribuição, como a UNI Finanças. Os bancos podem ter bons resultados, mas os trabalhadores também têm que ter bons resultados”, ressaltou.
Os dirigentes sindicais devem apresentar seus relatórios até setembro.
Comunicação e Agenda
Foram discutidas propostas de como ampliar a comunicação e desenvolver estratégias comuns para ampliar o alcance das informações debatidas na UNI. Será feita uma pesquisa com os afiliados, baseado em um formulário comum, preparado pela UNI Finanças e pela UNI Apro (Ásia-Pacífico), com contribuições das demais regiões.
Clique aqui para visualizar a galeria de imagens das atividades.