Unasul vê ameaça de ruptura à ordem democrática no Paraguai

Reuters

ASSUNÇÃO – Em comunicado lido na sede do governo do Paraguai, chanceleres da Unasul informaram que a situação em que se encontra o presidente Fernando Lugo deve configurar uma ameaça de ruptura à ordem democrática. No comunicado, os chanceleres informaram ter conversado com o vice-presidente Federido Franco, com dirigentes de diversos partidos e autoridades legislativas. Depois de vários encontros, a comitiva diz que chegou ao fim do dia “lamentavelmente sem obter respostas favoráveis às garantias processuais e democráticas que foram solicitadas”.

Os chanceleres ainda reafirmaram que durante os encontros abordaram a necessidade do pleno respeito as cláusulas democráticas do Mercosul, da Unasul e da Celac. Em entrevista ao GLOBO, o secretário-geral da Unasul, Ali Rodríguez, foi categórico ao afirmar que a organização poderá não reconhecer um eventual novo governo, caso o Senado se decida pelo impeachment de Lugo. Perguntado como chegou ao fim do dia após essa série de encontros, Rodríguez foi taxativo:

– Muito preocupado.

O chanceler venezuelano, Nicolas Maduro, também não escondeu a frustração depois das várias reuniões na tentativa de chegar a um acordo com os diferentes setores do país. Maduro disse que ouviu dos interocutores apenas “silêncio e indiferença”.

O presidente do Paraguai continua na sede do governo acompanhando pela TV e por informações passadas por seus assessores no Congresso o processo de impeachment. A assessoria de imprensa do governo ainda não tem informações sobre quais serão os procedimentos adotados por Lugo seja qual for a decisão tomada pelos senadores.

Uma verdadeira missão diplomática foi instituída em Assunção. Ministros de Relações Exteriores de países sul-americanos, encabeçados pelo brasileiro Antonio Patriota, chegaram ao Paraguai na quinta-feira à noite para tentar convencer os opositores a desistir do processo contra Lugo. Os nove chanceleres da Unasul que integram a delegação, além do secretário-geral do organismo, tiveram pela manhã um encontro com políticos do Partido Colorado e depois com parlamentares paraguaios, que lhes explicaram os motivos do início do processo de impeachment.

Depois, eles acompanharam parte da votação junto ao presidente paraguaio na sede do governo. Por último, reuniram-se na Vice-presidência da República com Federico Franco, que deverá assumir se Lugo for destituído.

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