O Sindicato dos Bancários do ABC promoveu na manhã desta terça-feira, 30, em Santo André, o lançamento da campanha nacional 2016. Embora simbólica, uma vez que as negociações com a Fenaban já foram iniciadas, a atividade foi marcada pela participação de bancários, representantes sindicais de várias categorias e entidades (tanto da região quanto do Estado, os últimos integrantes da caravana da Fetec), apresentações artísticas e a reflexão sobre os rumos do País diante de um golpe institucional e suas consequências no dia a dia dos trabalhadores.
A concentração foi em frente ao Cine Teatro Carlos Gomes, na rua Senador Fláquer. Nas agências do entorno, a abertura foi adiada para as 12h, para que os bancários pudessem participar da atividade. Clientes e usuários também foram informados sobre a campanha e as reivindicações da categoria, que recebeu como contraproposta da Fenaban o reajuste de 6.5% (o reivindicado é 9,57% mais 5% de aumento real) e um abono de R$ 3 mil.
“Mais uma vez os banqueiros vieram com uma proposta rebaixada, que não podemos aceitar. Nós queremos melhores salários e condições de trabalho, mas o que propõem é apenas uma política de achatamento salarial, sem repor a inflação, sem aumento real e com abono, que não incorpora no salário”, aponta o presidente do Sindicato, Belmiro Moreira. Ele denunciou ainda os vários projetos que tramitam hoje no Congresso Nacional e podem piorar ainda mais a vida dos trabalhadores, como o da terceirização, corte de gastos em setores essenciais, privatizações. “Não são questões descoladas da nossa realidade; tudo isso está relacionado ao nosso dia a dia”, reforçou.
Para bancários que acompanhavam ao lançamento da campanha, é perceptível a piora ocorrida no ambiente de trabalho se comparado ao ano passado. “Houve redução grande de funcionários e a pressão por metas aumentou”, afirmou uma bancária do Bradesco, banco campeão em demissões neste ano. Tanto ela quanto o colega têm expectativas de melhorias com a campanha 2016, mas afirmam que o processo será ainda mais duro do que em anos anteriores, tanto pela situação política do País quanto pela econômica. “No entanto, se há um setor que não sofreu crise e pode atender seus trabalhadores, esse setor é o bancário. Basta querer”, apontou a trabalhadora.
Arte – Como tradicionalmente ocorre, a atividade dos bancários do ABC privilegiou também a arte. Na música, destaques para a cantora Li Figueiredo, que apresentou repertório de MPB em frente ao Carlos Gomes, e para a bancária Inez Galardinovic, que fez da Ciranda Rosa Vermelha um chamado para a mobilização da categoria, utilizando o mote da campanha desse ano, “Só a luta te garante”: “A rosa vermelha / É o bem querer / Só a luta te garante / Eu vou à luta e vou lutar / Até vencer”
Já os artistas do grupo Arca apresentaram uma divertida esquete que aproveitou o recente foco nas Olimpíadas para tratar de direitos dos trabalhadores. FGTS, 13º, aposentadoria, entre outras conquistas, figuraram como medalhas que o banqueiro, aliado a um “nobre” parlamentar (deputado/senador) ia retirando do povo, até deixa-lo sem medalha (ou direito) alguma. Como prêmio, o parlamentar leva a faixa de presidente da República, ainda que sem ser eleito para o cargo pelo voto direto – e nesse caso qualquer semelhança não é mera coincidência…
Como a rosa é o símbolo dessa campanha nacional, por sua resistência, foram distribuídas sementes de flores aos presentes. A arte também ganhou forma de poesia, quando, após a atividade em frente ao Carlos Gomes, foi realizada visita aos bancos próximos, com a distribuição de rosas vermelhas e a leitura do poema “A Flor e a Náusea”, de Carlos Drummond de Andrade, que traz em seus versos a mensagem de que, apesar do asfalto (ou das adversidades, que por certo serão muitas para os brasileiros neste ano), uma flor nasceu na rua: “É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio”, ensina o poeta (leia o poema completo no link http://www.poesiaspoemaseversos.com.br/a-flor-e-a-nausea-drummond-sem-erros/).
Próximos passos – Nesta quinta-feira, 1º de setembro, os bancários do ABC realizam assembleia na sede social da entidade, a partir das 19h. Caso a Fenaban não apresente nenhuma contraproposta decente, existe o indicativo de greve nacional a partir do próximo dia 6. Uma nova assembleia para organizar a greve, caso seja aprovada, acontecerá na segunda-feira, 5 de setembro. A sede social do Sindicato fica na rua Xavier de Toledo, 268, centro de Santo André.