Apenas um quarto dos trabalhadores em todo o mundo têm uma relação estável de emprego, segundo informe divulgado nesta segunda-feira (18) pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). De acordo com o documento, 75% estão empregados sob contratos temporários ou de curto prazo, em serviços informais e “com frequência” sem nenhum contrato. O que a OIT chama de “modelostandard” – com salário, relação direta com um empregador, emprego estável e com jornada completa – é, segundo a entidade, “cada vez menos representativo do mundo do trabalho atual”.
Isso se constata em um momento em que a economia mundial não cria número suficiente de postos de trabalho para absorver a mão de obra. De acordo com a OIT, o total de desempregados chegou a 201 milhões em 2014. “Dar trabalho às mais de 40 milhões de pessoas que se incorporam ao mercado a cada ano é um desafio de enormes proporções.”
Mais de 60% dos trabalhadores não têm qualquer tipo de contrato, informa a organização. “A maioria está empregada em trabalhos por conta própria ou como trabalhadores familiares auxiliares nos países em desenvolvimento”, diz a OIT.
Além disso, mesmo entre os assalariados menos da metade (42%) tem um contrato permanente. No total, 60,7% não têm contratos de trabalho. A média sobe para 66,93% no Brasil (com dados de 2012), mas o informe da OIT aponta apenas Brasil, Rússia e Estados Unidos como países que viram o emprego em tempo integral cresce no período 2009-2013.
Apesar dos dados negativos, o trabalho remunerado e assalariado cresce no mundo, mas com grandes diferenças entre regiões, variando de dois empregados em cada dez (Ásia Meridional e África Subsaariana) a oito (economias desenvolvidas e parte da Europa).
Outra tendência é o crescimento do trabalho em tempo parcial, principalmente entre as mulheres jovens. “Na maioria dos países com informação disponível, os empregos em tempo parcial cresceram com maior rapidez que os com jornada completa entre 2009 e 2013”, aponta o relatório.
“Esses novos dados indicam um mundo do trabalho cada vez mais diversificado. Em alguns casos, as formas atípicas de emprego podem ajudar as pessoas a ingressar no mercado. Mas essas tendências emergentes também são o reflexo da insegurança generalizada que atinge muitos trabalhadores hoje em dia”, afirma o diretor-geral da OIT, Guy Ryder.
“A mudança que estamos observando, de relações de emprego tradicionais a um número maior de formas de emprego atípicas, em muitos casos está relacionada com o aumento da desigualdade e de taxas de pobreza. Além disso, essas tendências ameaçam perpetuar o círculo vicioso de fraca demanda mundial e lenta criação de emprego que caracteriza a economia mundial e muitos mercados de trabalho durante o período posterior à crise (de 2008).”