Organizados pela CUT-RS, trabalhadores do Rio Grande do Sul realizaram, na manhã desta quarta-feira, dia 7, manifestações contra o “pacotaço” da governadora Yeda. Em Porto Alegre, três passeatas, reunindo cerca de 4 mil pessoas, percorreram ruas da capital alertando a população sobre o processo de desmonte do Estado.
A atividade final aconteceu em frente ao Palácio Piratini, onde lideranças políticas, sindicais, empresariais e comunitárias denunciaram o teor do projeto enviado pelo Executivo à Assembléia Legislativa. Além do aumento de impostos, de forte impacto negativo sobre a economia, estão dentro do “pacotaço”, a Lei de Responsabilidade Fiscal, que inibe qualquer iniciativa para construção de políticas sociais e a outorga para futuras privatizações.
A CUT-RS pediu a todos que vigiem cada voto para cobrança posterior. “Porque a governadora já mentiu escancaradamente à sociedade gaúcha”, afirmou Celso Woyciechowski, presidente da entidade.
O dirigente da CUT alertou para “a grande disputa de projeto de sociedade” embutida no texto do governo. Para Woyciechowski, a perda de postos de trabalho, caso o pacote seja aprovado, será ainda maior do que a ocorrida no “tarifaço” promovido pelo governo Rigotto. “O Estado pagará caro pela irresponsabilidade da governadora Yeda. A começar pela diminuição dos serviços públicos para quem mais precisa”, disse o sindicalista.
As lideranças sindicais prometeram pressionar os parlamentares na tentativa de construir alternativas para uma solução à crise do Estado. A idéia é retirar a pauta da urgência do legislativo estadual e ampliar o diálogo com os vários setores representativos da sociedade.
Além do grande número de sindicatos, de todos os ramos, presentes à manifestação, parlamentares contrários ao “pacotaço”, do PT e PCdoB, apoiaram a luta dos trabalhadores contra o aumento de impostos e o sucateamento do Rio Grande do Sul.
O líder da bancada do Partido dos Trabalhadores, deputado Raul Pont, disse que a saída para a crise das finanças públicas passa, necessariamente, pela renegociação da dívida, combate à sonegação e fim dos incentivos fiscais a grandes empresas. “A solução da Yeda é a mesma que levou o Estado a esta situação de dificuldade”.
Após o ato público em frente ao Palácio Piratini, lideranças sindicais conversaram com o presidente da Assembléia, Frederico Antunes. Para o deputado do PP, “não há clima para votação do pacote hoje”. De acordo com Antunes, não há convicção de que o “projeto” está acabado.
Ao ser cobrado sobre uma posição em relação ao seu voto e articulação política como presidente e deputado, o parlamentar desconversou sem assumir qualquer posição. Os trabalhadores pontuaram que para enviar um conjunto de medidas com àquela estrutura os técnicos do governo não levaram em conta o impacto negativo na liquidação de postos de trabalho.
O diretor do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região, Ademir Wiederkehr, reafirmou a importância da pressão e da unidade dos trabalhadores na luta contra o pacote. “A Yeda já demonstrou, de várias maneiras, a intenção de vender o patrimônio público. O Banrisul é o maior exemplo. Os trabalhadores precisam tomar as ruas para denunciar o projeto neoliberal do estado mínimo”, afirmou.
O secretário-geral da CUT-RS, João Batista Xavier da Silva, avalia de forma positiva a manifestação, pela adesão de trabalhadores de vários ramos. As paralisações ocorreram em Pelotas, Rio Grande, Caxias do Sul, Passo Fundo, Santa Rosa, Erechim, Santa Maria, Santa Cruz e Novo Hamburgo.
Woyciechowski convocou o conjunto dos trabalhadores, dos setores públicos e privados, a participar da Jornada de Lutas, pelo desenvolvimento, distribuição de renda e inclusão social. O objetivo dos encontros é promover o debate em torno de propostas alternativas de desenvolvimento junto às comunidades de cada região do Estado. No próximo dia 30, acontece a 12ª edição da Marcha dos Sem, em Porto Alegre.