Em assembleias realizada nesta segunda-feira (26), no Sindicato dos Bancários de Jundiaí e Região, trabalhadores dos bancos privados e dos bancos públicos votaram pelo encerramento da greve, que chegou a seu 21º dia. Cerca de 80% dos trabalhadores votaram a favor da proposta e 20% rejeitaram. A decisão se deu após a nova proposta da Fenaban, em negociação realizada no último sábado (24), que ofereceu reajuste salarial de 10%.
O presidente do Sindicato, Douglas Yamagata, disse que o resultado das negociações é uma vitória para os bancários e a derrota dos banqueiros que desde o início se mostraram intransigentes com as reivindicações da categoria. “Sem dúvida, foi uma vitória surpreendente. Mostramos que de fato nossa categoria é uma das mais fortes e mobilizadas do país. E temos certeza de que essa vitória servirá de modelo para outros trabalhadores irem à luta por seus direitos, porque exploração não tem perdão”.
Com o novo índice, em 12 anos de luta, a categoria vai acumular 20,83% de ganho real nos salários e 42,3% nos pisos. O vale refeição será de R$ 29,64 por dia, com reajuste de 14% e 3,75% de ganho real. “Isso tudo é fruto da nossa luta, porque nunca nos foi dado nada sem que precisássemos reivindicar muito”, lembrou Douglas.
A greve, que teve início no dia 6 de outubro, mobilizou mais de 500 mil bancários em todo o país, que pediam o reajuste de 16%, além do fim das demissões e do assédio moral e mais contratações para melhoria no atendimento ao cliente. “Infelizmente os bancos ainda se negam a contratar mais funcionários”, ressaltou Douglas.
Gerson Pereira, secretário de Comunicação da Contraf, estava presente à assembleia e lembrou da dificuldade nas negociações com os banqueiros pressionando pelo retrocesso dos índices. “Não foi fácil. Mas derrotamos os banqueiros na mesa quando não aceitamos o abono e exigimos o aumento real. Vamos nos organizar para fortalecer ainda mais nosso movimento nos próximos anos”.
Exemplo de mobilização
De acordo com Douglas, Jundiaí e região foi um exemplo de mobilização para o País. Mais de 120 agências ficaram paralisadas, atingindo quase 100% de adesão. “Temos muito orgulho da categoria na região, porque atingimos o maior número de agências em menor tempo, já que em 2013 só alcançamos esse número no 23º dia de mobilização. Sem dúvida, foi a maior greve dos últimos anos”, disse o presidente. “Temos a responsabilidade de assegurar que nossa categoria seja vitoriosa porque somos exemplo para toda a classe trabalhadora do país”.
O presidente lembra que o Sindicato fez questão de manter algumas agências abertas, a exemplo dos bancos Bradesco e Itaú, para facilitar o atendimento ao cliente.
Histórico
Douglas passou uma cronologia da Campanha Salarial 2015, que se iniciou antes da data-base, em setembro, com consultas e conferências e a montagem da pauta de reivindicações, com a minuta que foi entregue em agosto. Após cinco rodadas de negociações divididas por temas, foi deflagrada a greve no dia 6 de outubro. “O ideal é que os patrões entrassem num consenso e atendessem todas as reivindicações. Mas houve o argumento da crise, com a pressão da mídia, desqualificando nossa categoria para não nos dar aumento real, justamente porque somos parâmetro para a classe trabalhadora. E na primeira proposta vieram com o índice absurdo de 5,5%. Era imprescindível que conseguíssemos alcançar pelo menos a inflação, porque, se aceitássemos, seria uma perda imensa”, concluiu.