A Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Itaú se reuniu com o banco nesta quarta-feira (28) para dar continuidade às negociações sobre as reivindicações dos trabalhadores a respeito da realocação e qualificação dos funcionários (cláusula 62) e sobre o adiantamento emergencial de salário nos períodos transitórios especiais de afastamento por doença (cláusula 65). No dia anterior, o Grupo de Trabalho sobre Saúde e Condições do Trabalho do Itaú também debateu sobre os mesmos pontos.
Antes de entrar no debate sobre as cláusulas 62 e 65, a COE chamou a atenção do banco para a importância da homologação das rescisões de contrato de trabalho pelos sindicatos. “Existem muitos erros que podem prejudicar os trabalhadores. Queremos a continuidade das homologações nos sindicatos, como era antes, ou pelo menos poder acompanhar a rescisão onde quer que ela seja feita”, disse Jair Alves, coordenador da COE do Itaú.
O banco alegou que em alguns locais os gestores já faziam a rescisão. Para o Itaú, a única diferença é que antes o representante do banco ia até o sindicato. Mas, disse que não ter restrição da participação do representante do sindicato na hora da rescisão se isso for solicitado pelo bancário.
O coordenador da COE solicitou que até final da vigência da atual Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria, o banco mantenha as homologações nos sindicatos para que sejam evitados conflitos desnecessários. Mas, ressaltou que os sindicatos vão continuar defendendo os direitos dos trabalhadores e, se não for mantida a homologação das rescisões, onde e quando for possível, os sindicatos acompanharão as rescisões nos locais indicados pelos bancos.
“Nos casos em que não haja essa possibilidade, convocaremos os trabalhadores a fazer a conferência após a rescisão na sede do sindicato. Esperamos que o banco promova as correções dos valores quando forem detectados erros, para que se evite uma enxurrada de ações judiciais sobre o pagamento incorreto de verbas rescisórias. Fica mais barato pra todo mundo”, afirmou Jair.
Cláusula 62
Com relação à cláusula 62, uma das reivindicações da COE é que seja garantido a mesma lotação e cargo aos bancários que retornam ao trabalho após afastamentos por problemas de saúde, ou gravidez.
“A realocação em locais e com cargos diferentes dos que tinham antes do afastamento tem causado insegurança e apreensão entre os funcionários do banco, que não sabem onde vão trabalhar e o que vão fazer”, explicou o, coordenador da COE do Itaú. “Temos que avaliar, inclusive, se isso não é caso de assédio, pois os trabalhadores evitam o afastamento, mesmo estando doentes, para não correr o risco de serem realocados em locais de trabalho distantes e desempenho tarefas distintas das que realiza antes do afastamento”, completou.
Programa de readaptação
O GT de Saúde, tratou sobre o Programa de Readaptação, instituído pelo banco sem a participação do movimento sindical.
Para Adma Gomes, coordenadora do GT de Saúde do Itaú, existe um contrassenso no programa de readaptação instituído pelo banco com relação à avaliação. “Ao mesmo tempo que ele tem suas metas reduzidas, continua sendo avaliado nos mesmos padrões dos demais funcionários. A avaliação daqueles que estão com capacidade reduzida precisa ser diferenciada”, explicou.
Os trabalhadores ressaltam ainda que, da forma como é feita, a avaliação está, inclusive, gerando demissões. “Isso nós não podemos admitir”, disse Adma.
Alterações na USO
A COE também cobrou alterações Unidade de Suporte Operacional (USO) do banco que, em regra, não fixa os trabalhadores lotados neste departamento a um local de trabalho. “Muitas vezes, para cumprir suas funções, os trabalhadores precisam se deslocar por mais de 100 quilômetros”, disse Jair.
Cláusulas 15, 29 e 65
O debate realizado no GT de Saúde sobre a cláusula 65, que trata sobre adiantamento emergencial de salários nos períodos transitórios especiais de afastamento por doença, tem relação com outras duas cláusulas, a 15, que trata sobre o auxílio alimentação, e a 29, que trata da complementação de auxílio-doença previdenciário e acidentário.
Segundo a coordenadora do GT de Saúde, os trabalhadores reivindicam o pagamento da cesta alimentação também para os casos da cláusula 65. Com relação à cláusula 29, a reivindicação é para que haja o parcelamento da devolução dos valores adiantados aos funcionários.
O banco confirmou para a COE o que havia dito no dia anterior no GT de Saúde: dará uma resposta sobre a reivindicação na sexta-feira (9).
Demissões
Os trabalhadores também relataram a preocupação com relação ao possível aumento do número de demissões no banco, principalmente devido à incorporação do Citibank, principalmente nas cidades onde o banco tinha maior número de funcionários (Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo).
O banco disse que até o momento não existe movimento de redução do quadro de funcionários, mas as agências serão avaliadas para verificar a rentabilidade das mesmas e, no caso de não haver retorno financeiro para o banco, algumas podem ser fechadas. Atendendo a pedido da COE, em caso de necessidade de fechamento de agências e demissões, a Contraf-CUT e os sindicatos serão comunicados antecipadamente.
“Vamos continuar acompanhando as movimentações para que, havendo necessidade, possamos defender os interesses dos trabalhadores”, disse o coordenador da COE do Itaú.
A próxima reunião da COE está pré-agendada para o dia 23/03, às 10h, no Centro Empresarial Itaú (CEIC), em São Paulo.