(São Paulo) Os trabalhadores brasileiros conquistaram no ano passado os melhores reajustes salariais dos últimos dez anos. Segundo levantamento divulgado pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) nesta quinta-feira, dia 22, mais de 85% das negociações salariais feitas em 2006 terminaram com aumento acima da inflação, com ganhos reais para o trabalhador.
Os bancários estão neste grupo, com o reajuste de 3,5% conquistado no ano passado contra uma inflação de 2,85%, segundo o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor).
“Isto mostra o momento favorável que o trabalhador está vivendo hoje no país. Os sindicatos estão em condições plenas de lutar para ampliar as conquistas, ao contrário da década passada quando a briga era para não perder direitos. Segundo os estudos do Dieese, de 1996 a 2003, cerca de 43% das negociações resultaram em reajustes inferiores ao INPC. Conseguimos mudar esta trajetória e, no caso dos bancários, estamos há três campanhas conquistando aumento real sucessivamente”, afirmou Vagner Freitas, presidente da Contraf-CUT.
"Foram bastante positivos os resultados da negociação de reajustes salariais em 2006, ano que se caracterizou por baixos patamares inflacionários e pelo crescimento, embora insuficiente, da economia nacional", relata o estudo do Dieese.
As negociações, segundo a entidade, tiveram o melhor desempenho desde que o acompanhamento passou a ser feito em 1996. Dos 656 acordos analisados, 85,7% conseguiu reajustes acima da inflação do período, enquanto 10,7% recolocou as perdas inflacionárias.
“Isto significa que apenas 3,6% das negociações tiveram reajustes abaixo da inflação. Vale lembrar que em 2005, 71,7% dos acordos resultaram em aumento real, contra 85,7% em 2006. É a força dos trabalhadores garantindo conquistas importantes”, comentou Vagner Freitas.
Para justificar a importância da inflação em um patamar baixo nas negociações salariais, o Dieese ressalta que em 2003, ano em que o INPC ficou em 10,38%, apenas 40% dos acordos recompôs a inflação.
Outro item importante para o trabalhador neste levantamento do Dieese é o percentual do ganho. “Em 2005, pouco mais da metade das negociações que resultaram em aumento real o excederam em mais de 1%. Em 2006, 70% dos aumentos superaram essa faixa”, diz nota do Dieese.
Mais da metade concedeu reajuste real de até 3%. Um seleto grupo, 2,1% dos acordos, teve aumento superior a 5% acima da inflação.
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Fonte: Contraf-CUT