Teres¢polis se mobiliza para combater a violˆncia contra a mulher

(Rio) A cidade de Teresópolis está assustada com uma triste constatação: tem índices muito altos de violência contra a mulher. A informação foi levantada numa pesquisa sobre criminalidade realizada pelo Instituto de Segurança Pública, ligado à Secretaria Estadual de Segurança. Com os resultados tabulados, o ISP propôs ao município a realização do Workshop Reage Mulher.

 

O objetivo do evento foi sensibilizar a Guarda Municipal para a forma correta de lidar com situações de violência doméstica e de gênero, orientar as vítimas e formar multiplicadores para levar as informações e o apoio às mulheres que vivem longe do centro da cidade.

 

Foram quatro palestras, que contaram com a participação de psicólogos e assistentes sociais, de uma médica-legista que faz os exames de corpo de delito nas vítimas, a diretora da Casa Abrigo Lar da Mulher, que fica no Rio de Janeiro, uma defensora pública e representantes das polícias civil e militar e da Guarda Municipal. O Cedim e a OAB também participaram.

 

Um detalhe que foi destacado durante o evento é que o Insitituto de Segurança Pública – responsável pelas estatísticas de violência no estado, além de vários outros estudos e pesquisas importantes para embasar as políticas de segurança – é dirigido somente por mulheres. Com este olhar, a violência doméstica e de gênero ganha um destaque maior e seu enfrentamento é mais efetivo.

 

Ao final do evento, foi elaborada a Carta de Teresópolis, um documento que traz propostas básicas de ações municipais para combater e prevenir a violência contra a mulher.

 

Mulher, bancária e conselheira

Ana Paula Pries, diretora do Sindicato dos Bancários de Teresópolis, também participou do evento. Ela é integrante do Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Mulher – ConMulher e considerou positiva a experiência. “O conteúdo foi riquíssimo e o workshop foi muito importante porque orienta as vitimas da violência. A mulher que é estuprada ou agredida tem que saber por onde começar, o que fazer, a quem procurar para pedir ajuda e registrar a ocorrência”, avalia Ana Paula.

 

Durante a realização do Workshop, Ana Paula observou a mudança de comportamento de um grupo de mulheres que vivem no interior do município e foram convidadas a participar. “Elas chegaram muito envergonhadas, mas, no último dia, já estavam mais à vontade”, relata a sindicalista. Estas mulheres, que vivem presas a seus maridos e companheiros por força da pobreza, se sentiram fortalecidas por saber que há leis que proíbem a violência e determinam a punição dos agressores e estupradores. E, principalmente, entenderam que a união é fundamental para enfrentar a violência. “Elas já começaram a entender que uma precisa ajudar a outra”, destaca Ana Paula.

 

O grande desafio dos programas de combate à violência contra a mulher, sobretudo a doméstica, é oferecer às vítimas uma opção de sustento que lhes permita abandonar o agressor. Com este objetivo, já está sendo organizado um outro workshop, sobre geração de renda. Para este segundo evento serão convidadas para contar sua experiência as Arteiras da Tijuca, um grupo de mulheres da cidade do Rio de Janeiro que fizeram do artesanato uma forma de trabalho que lhes garantiu a sobrevivência longe dos companheiros e maridos agressivos.

 

A participação do movimento sindical em eventos como este é fundamental para que as entidades se aproximem da sociedade. “É gratificante representar o Sindicato dos Bancários de Teresópolis neste movimento”, relata Ana Paula. A dirigente ressalta a importância das entidades de classe participarem ativamente de instâncias deliberativas dos seus municípios. “Eu participo do ConMulher, a Ana Maria Pereira, que é outra diretora do Sindicato, participa do Conselho de Saúde. É muito importante que os sindicatos se engajem nos conselhos municipais. Além de podermos dar nossa contribuição para as discussões, esta é a forma de ficarmos sabendo para onde as verbas estão sendo direcionadas”, destaca a sindicalista.

 

Fonte: Feeb RJ/ES

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