Temos que romper barreira do preconceito, diz professora no Mato Grosso

Antonieta Luisa Costa, representante do Imune MT

A luta pelo fim da discriminação racial é destaque neste mês de maio em alusão ao Dia da Abolição da Escravatura, comemorado no dia 13 de maio. Esta luta vem ganhando cada vez mais espaços nas diversas esferas da sociedade, e o Sindicato dos Bancários de Mato Grosso (SEEB-MT) reforça essa bandeira com ações onde a inclusão de negros e negras no sistema financeiro deve ser uma realidade.

Em entrevista especial com a representante do Instituto de Mulheres Negras de Mato Grosso (Imune MT), Antonieta Luisa Costa, assuntos relacionados ao combate ao preconceito e inclusão das minorias nortearam a conversa que destacou “a conscientização deve ser feita por todos”.

Antonieta Luisa da Costa é professora e atua no Imune MT desde 2002. Entre as ações do Instituto estão oficinas de conscientização, trabalho da autoestima, valorização da cultura afro e saúde dos negros e negras.

Confira a entrevista:

O que se pode comemorar neste mês em que é celebrada a libertação dos escravos no Brasil?

Nós da Imune MT avaliamos a data da abolição da escravatura no país como um importante momento para reforçarmos nossas lutas. Acreditamos que a liberdade ocorre quando a pessoa tem acesso a condições dignas de vida, tem oportunidades. O dia 13 de maio é um marco e serve para refletirmos sobre a realidade dos negros. Por exemplo, em Mato Grosso, estudos do IPEA afirmam que as negras de Mato Grosso estão em pior estado de inclusão no país. Esta é uma das realidades que deve ser revista. Temos que avaliar quais são as políticas relacionadas.

O SEEB-MT realizou no dia 17 de maio um ato pela inclusão de negros e negras no sistema financeiro, em Cuiabá. Como você avalia o cenário bancário e a participação de negros neste sistema?

Estamos em um processo de inclusão, de combate à discriminação. O ambiente bancário é um lugar segregador, é um espaço nos moldes europeus. Quando entramos nos bancos não nos identificamos, nos sentimos excluídos. Os bancos colocam fotos nas campanhas e quando aparecemos, estamos lá no fundo da imagem. A porta do banco continua fechada para o negro. Temos que rasgar esta máscara da discriminação, romper com a falsa harmonia, precisamos de consciência negra.

Como você avalia a participação de negros e negras nos bancos?

Observo que ainda somos minoria mesmo. Quando há uma bancária negra, por exemplo, esta pessoa é escolhida pela sua beleza e por ter traços de branco como nariz pequeno, lábios finos. Não vejo que estas contratações são sinais de inclusão. Nossas ações no Imune são justamente o de trabalhar a autoestima para que o negro se sinta feliz por ser negro e vamos continuar na luta pela ampliação de espaço e reconhecimento.

O que podemos fazer para mudar esta realidade?

A mudança só ocorrerá quando houver conscientização de todos e por isso, ações como as que o Sindicato dos Bancários fazem para inclusão de negro são essenciais. É importantes que tenham mais iniciativas para despertar a reflexão, fazer com que as pessoas parem para analisar a realidade, temos que ter ações coletivas. Cada trabalho realizado para a conscientização faz muita diferença no processo. Vamos continuar na luta por igualdade.

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