(São Paulo) Com os balanços semestrais dos bancos consolidados e divulgados, os ganhos com tarifas e taxas novamente chamaram a atenção pelos abusos cometidos pelas empresas. Entre os maiores bancos, o valor arrecadado com esta modalidade já supera em duas vezes as despesas com a folha de pagamento. Após uma onda de críticas que vieram de todos os lados da sociedade, os banqueiros inventaram uma medida paliativa, que pode não reduzir as tarifas, mas será um ótimo instrumento de fiscalização.
A idéia é simples, colocar os preços dos 46 serviços mais usados pelos correntistas na internet para serem comparados, como taxas de abertura de conta, extratos e emissão de cartões, entre outros. Os dados irão para o site da Febraban a partir do dia 18, quando acontece um seminário sobre qualidade do atendimento bancário.
“É uma iniciativa interessante, representa um avanço, mas chega atrasada. Faz muitos anos que os bancários denunciam esses abusos por parte dos bancos, que estão entre os líderes do ranking de reclamações do Procon. Ainda falta concorrência no setor e é muito difícil para o consumidor mudar de banco”, destaca Vagner Freitas, presidente da Contraf-CUT.
Segundo reportagem da Folha de S. Paulo veiculada no início de agosto, as tarifas já são responsáveis por 20% do total das receitas dos bancos. De 2002 para 2006, os bancos aumentaram em 117,4% suas receitas com serviços, que passaram de R$ 24,2 bilhões para R$ 52,6 bilhões, segundo a própria Febraban. No período, o faturamento como um todo dos bancos cresceu em ritmo bem menor, de 43,4%. Em 2002, os serviços representavam 12,4% do total de receitas bancárias; no ano passado, somavam 18,8%.
Nesse primeiro momento, participarão da comparação da Febraban o Banco do Brasil, Bradesco, Itaú, Unibanco, Caixa Econômica Federal, ABN/Real, Santander, HSBC, Nossa Caixa e Citibank. As demais instituições poderão aderir depois. Após a primeira fase, a Febraban pretende comparar também os pacotes de serviços disponíveis para os clientes e as tarifas para as empresas.
Governo também entra na briga
O governo federal quer criar um mecanismo para tentar melhorar a qualidade dos serviços bancários. A intenção é estabelecer um limite para a quantidade de reclamações contra bancos nos Procons. Quando o número for superado, o Banco Central iria automaticamente fiscalizar a instituição. Ministério da Justiça e Banco Central querem anunciar detalhes do programa em 60 dias. Nesse período, será determinado o limite de reclamações que cada banco ou serviço podem ter sem que haja fiscalização.
Fonte: Contraf-CUT, com informações da Folha de S. Paulo