Sob chuva, bancários protestam contra exploração em Porto Alegre

Mobilização não poupou o projeto que escancara a terceirização

Uma frase que costuma resumir a força de um movimento ou de uma categoria ecoou pelas ruas do Centro de Porto Alegre na tarde desta quinta-feira, dia 22. Nem a chuva torrencial que desabou sob a Capital dos gaúchos diminui o ímpeto de centenas de bancários. Os trabalhadores foram às ruas levar a Campanha Nacional aos companheiros e anunciar que estão dispostos a levar o movimento às últimas consequências para avançar na conquista de direitos históricos. A frase aquela da primeira linha deste texto é esta: “Nem a chuva nem o vento esfriam o movimento”. E muito menos os banqueiros que só dizem não nas mesas de negociação.

A campanha deste ano já teve duas rodadas de negociações. Diante da rejeição de todas as reivindicações, o Comando Nacional deliberou a organização do Dia Nacional de Luta para ampliar a mobilização.

Em Porto Alegre, o tradicional Passeatão dos Bancários tomou conta das ruas do centro da capital. Com palavras de ordem, jingle, faixas, cartazes e balões, a categoria não se intimidou, encarou a chuva e botou o bloco dos bancários na rua. A partir desse dia, as palavras de ordem são mobilização e unidade para avançar na luta.

Os bancários saíram da Praça da Alfândega e seguiram o trajeto previsto até chegar na Esquina Democrática. Durante todo o caminho, dirigentes sindicais denunciavam para a sociedade as péssimas condições de trabalho, a exploração que os bancários sofrem, as demissões, a imposição de metas abusivas, os assédios moral e sexual e a falta de segurança.

Não ao PL 4330

Uma das reivindicações dos bancários foi a luta contra o PL 4330. É nesse item que a campanha dos bancários que se funde com as outras categorias e com as reivindicações que vêm das ruas. Suspender a implantação de quaisquer projetos de terceirização é mais do que necessário.

O PL 4330 é uma ameaça à carteira assinada de trabalhadores de bancos, pois permite a terceirização até mesmo das atividades fim das empresas. No caso dos bancários, a terceirização pode atingir as funções das áreas de concessão de crédito aos caixas, do RH à tesouraria.

Melhores condições de trabalho

O presidente do SindBancários, Mauro Salles, também fez ecoar sua voz, reforçando que a pauta dos bancários segue conectada com a luta nacional dos trabalhadores, mas também focada no sofrimento dos bancários no seu ambiente de trabalho. “Precisamos garantir a retirada imediata do projeto de lei 4330, que trata das terceirizações. Os bancos têm muito interesse em aprovar esse PL porque utilizariam a terceirização da mão de obra e de serviços com o objetivo de reduzir custos, substituindo trabalhadores contratados diretamente por outros contratados geralmente de forma temporária e, sobretudo, com salários e benefícios menores e em condições de trabalho precárias”, alertou Mauro.

A saúde dos bancários também foi defendida pelo presidente do Sindicato. “Não podemos aceitar os nossos colegas adoecendo pelo simples fato de trabalhar. Queremos um ambiente de trabalho decente. Se continuarmos sem avanço nas negociações, não teremos outra alternativa a não ser a greve.”

Segundo Mauro, a precarização do trabalho do bancário repercute diretamente no atendimento ao cliente, assim como a falta de investimento em segurança bancária, que acaba tendo efeito em toda a sociedade.

Igualdade de oportunidades

Isis Garcia Marques, diretora da Fetrafi-RS, destacou a necessidade de as mulheres bancárias terem os seus salários equiparados aos homens nos bancos. Além disso, defendeu o combate às discriminações, ao assédio moral e sexual que há nas instituições bancárias. “As mulheres já são mais de 50% dos trabalhadores dos bancos. Mas nossos salários ainda são, em média, muito menores do que os dos homens. Por isso a gente tem que vir para a rua”, avaliou Isis.

O diretor do SindBancários, Everton Gimenis, parabenizou a união dos bancários nas ruas da capital gaúcha. “A chuva não impediu a nossa passeata que busca denunciar à sociedade a real situação a que os bancários estão submetidos para que os bancos aumentem seus lucros ainda mais”, analisou.

Segurança para trabalhadores e clientes

Conforme o diretor do SindBancários, Sandro Artur Ferreira Rodrigues, há uma mobilização nacional para conter a violência. “É inadmissível não termos uma lei estadual que garanta a segurança dos bancários e vigilantes, mas também dos clientes e usuários. Nós, os bancários, temos trabalhado para aprovar esta lei que vai obrigar o bancos a investir na defesa da vida dos bancários e não só na defesa do dinheiro como eles fazem hoje”, alertou Sandro.

O diretor do Sindicato, Luciano Fetzner, exaltou a participação do SindBancários nas manifestações que exigem mudanças profundas na política do país. Luciano participa do Bloco de Lutas pelo Transporte 100% Público.

“Os bancários e bancárias, como de costume, estão nas ruas com a juventude e com os movimentos sociais desde o início deste ano, lutando pela ampliação dos direitos de todos os trabalhadores. Vamos continuar nesta luta que é de todos, mas também reafirmar o nosso compromisso de lutar contra a exploração da categoria pelos banqueiros”, concluiu Luciano.

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