Trabalhadores protestam contra silêncio dos bancos
Os bancários deram mais uma demonstração da força na sua greve. Nesta terça 24, após um dia inteiro de muita mobilização nos locais de trabalho, a categoria realizou uma grande passeata na Avenida Paulista com mais de 2 mil trabalhadores, no final de uma tarde fria e chuvosa.
A caminhada em São Paulo, encerrada na Praça Roosevelt, ocorreu de forma simultânea à de outras capitais, como Belo Horizonte, Brasília, Rio de Janeiro e Campo Grande.
Entre as principais queixas nos cartazes e faixas empunhados pelos bancários, estavam a proposta de 6,1% da Fenaban (federação dos bancos), sem aumento real, a pressão por metas abusivas e o assédio moral.
A presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Juvandia Moreira, ressaltou que a greve é um instrumento para melhorar a vida dos bancários e também dos clientes, que são afetados pela sanha dos bancos pelos lucros. E lembrou que a postura intransigente da Fenaban fortalece o movimento.
“Esse silêncio dos banqueiros só está fazendo nossa greve aumentar. Nossa luta é justa, pois batalhamos para que os clientes tenham melhor tratamento e para que as tarifas e os juros escorchantes baixem”, pontuou.
O presidente da CUT, Vagner Freitas, criticou a postura dos banqueiros, que só pensam em aumentar os seus lucros, explorando os bancários e a sociedade. “Entra governo, sai governo e os bancos seguem lucrando cada vez mais”, denunciou. Ele condenou as demissões, a pressão das metas e a cobrança de altas taxas de juros e tarifas dos clientes.
O presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro, disse que “quanto maior o silêncio dos bancos, maior será a mobilização dos bancários”. Ele cobrou uma proposta decente dos bancos, com aumento real, valorização do piso, PLR maior, emprego, melhores condições de saúde e trabalho, mais segurança e igualdade de oportunidades.
Insatisfação da categoria
O sentimento dos bancários em relação à postura da Fenaban é de indignação. Uma bancária da Caixa afirmou, durante a passeata, que os empregados do banco precisam de muito mais do que reposição da inflação. “A Caixa tem que valorizar os empregados e perceber que eles trabalham muito para conseguir lucros e mais lucros e na hora do retorno oferecem esse reajuste que é uma piada”, protestou.
Um bancário do Itaú afirmou que se somou à passeata por acreditar na unidade da categoria como o melhor caminho para sair da Campanha de forma vitoriosa. “Temos que pensar coletivamente, só assim teremos voz”, defendeu. E disse sentir na pele, diariamente, o descaso dos banqueiros, pois mora em Itaquaquecetuba e tem de se deslocar até o CA Raposo.
Além das questões específicas de cada banco, também ecoaram na passeata pautas relativas a toda a classe trabalhadora. Uma funcionária do Banco do Brasil afirmou que há uma insegurança generalizada na categoria gerada pela ameaça de aprovação do PL 4330, que legaliza a terceirização fraudulenta.
Ela se disse motivada a ir à luta nesta campanha, pois “o Banco do Brasil só é tão grande por conta de todo o esforço diário dos bancários”. Para a bancária, “o banco tem que valorizar os seus funcionários e os bancários têm que vir para a luta, para fortalecer ainda mais o movimento”, apontou.
A secretária-geral do Sindicato, Raquel Kacelnikas, ressaltou a importância do diálogo com os bancários, durante a passeata, que passou em frente a diversas agências e concentrações. “Essa passeata é importante, pois estamos conseguindo convencer aqueles que ainda não tinham aderido à greve. A greve não é fácil. Sempre foi com muita luta que nós bancários conquistamos nossos direitos. Agora não será diferente”, disse.