Sindicatos de bancários de todo o país estão em campanha contra as demissões pelos bancos. Na sexta-feira, um tuitaço contra as demissões pelo Itaú esteve entre os assuntos mais comentados da rede. Com a hashtag #ItaúNãoDemitaMeusPais, o protesto procurou mostrar não apenas que o banco descumpriu o compromisso de não demitir funcionários durante a pandemia, mas também que a responsabilidade social pregada pelo Itaú em suas peças publicitárias nem sempre e colocada em prática por ele mesmo.
Em uma só tacada, o banco demitiu 130 funcionários na área de Veículos, além de outras que ocorram em agências bancárias.
“O banco teve lucro líquido de R$ 28 bilhões no ano o passado e nos seis primeiros meses de 2020, mesmo com a pandemia, lucrou R$ 8 bilhões. Mas, ao mesmo tempo que desenvolveu campanha publicitária para mostrar seu lado humano, demite funcionários durante a maior crise sanitária vivida pelo país nos últimos 100 anos. Tamanha incoerência não pode ficar oculta. Numa hora dessa, o banco precisa mostrar sua responsabilidade com as pessoas, com o país,” afirmou Jair Alves, coordenador da Comissão de Organização de Empresa (COE) do Itaú.
Banco acusa o baque
Na própria sexta-feira o banco divulgou um comunicado interno aos seus funcionários falando sobre a atuação pessoal nas redes sociais. Para Jair, trata-se de uma tentativa de intimidar os funcionários e reduzir a participação dos funcionários nas ações dos sindicatos.
“Nossa ação de sexta-feira foi muito boa. As demissões pelo Itaú foram um dos assuntos mais comentados nas redes. Com a desculpa de que está pregando o respeito à diversidade de gênero, cultura, raça, condição social, religião, idade e até convicções políticas e filosóficas, o banco ameaça com o código de ética que deve ser cumprido pelos funcionários com as postagens em redes sociais que possam afetar a imagem do banco”, observou o dirigente. “Mas, o banco tem que tomar cuidado com suas atitudes. Além das demissões em plena pandemia, um comunicado como esse, enviado aos funcionários bem no dia de um tuitaço, pode manchar a imagem do banco bonzinho, responsável socialmente que é transmitido em suas peças publicitárias”, disse Jair.
Campanha continua
O coordenador da COE do Itaú disse, no entanto, que a campanha contra as demissões continuará, com um novo tuitaço na próxima sexta-feira (9).
“Queremos que o banco cumpra com o compromisso de não demitir durante a pandemia. Reveja estas demissões e realoque estes funcionários. Vamos continuar a campanha e contamos com a colaboração dos trabalhadores. Mesmo que, para evitar perseguições, tenham que criar perfis alternativos para não serem identificados”, ressaltou, lembrando que a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), sindicatos e federações da categoria orientam os funcionários a não utilizarem computadores e celulares dos bancos para atividades de uso pessoal.
No tuitaço da próxima sexta-feira os sindicatos usarão uma outra hashtag: #ItauPareDeAmeçarMeusPais.
Outros bancos
Além do Itaú, o Santander, o Bradesco e o Mercantil do Brasil também estão demitindo funcionários em plena pandemia. “Todos estes bancos, haviam se comprometido em não demitir funcionários durante a pandemia. Mas, mesmo tendo lucros bilionários, desrespeitaram esse compromisso e colocaram mães e pais de família na rua da amargura, em plena pandemia”, observou a presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira. “Com as demissões, os bancos contribuem para o aumento do desemprego no país, que já era alto, e dificultam a recuperação da economia”, concluiu Juvandia.