(São Paulo) Os trabalhadores apresentaram nesta quarta-feira, dia 4, um documento com mais de 150 propostas voltadas para o desenvolvimento do Brasil. O projeto, intitulado Agenda dos Trabalhadores para o Desenvolvimento, foi resultado da Jornada pelo Desenvolvimento com Distribuição de Renda e Valorização do Trabalho, realizada pelas sete centrais sindicais nos dias 3 e 4 de abril.
O texto tem 37 páginas e as medidas prevêem, dentre outras, a manutenção do processo de valorização do salário mínimo em longo prazo por meio de aumentos reais; metas para a geração de empregos; redução das taxas de juros para a diminuição do endividamento público; e participação de movimentos sociais nas instâncias de decisão de política pública, como nas agências reguladoras.
"Uma das grandes preocupações nossas é a alta informalidade. Esse é um problema central do conjunto da sociedade brasileira. Não adianta ter um PAC que investe em determinados setores na geração de mão de obra, como construção civil, se você não tiver a contrapartida da formalização dos trabalhadores desse setor”, afirma o presidente da CUT, Artur Henrique.
Para garantir que as propostas dos trabalhadores saiam do papel e sejam atendidas, a CUT está organizando uma série de atividades que se estenderá durante todo o ano de 2007. “Vamos elaborar permanentemente uma agenda propositiva do movimento sindical para o desenvolvimento do país. Esta jornada trata de questões macro, que nós, que trabalhamos como empregados do setor mais lucrativo do Brasil, lutamos e temos como bandeira. Porque os bancos não cumprem o seu papel de responsabilidade social, mantendo o crédito escasso e mal direcionado, os juros altíssimos, spreads vergonhosos, além de explorar bancários e clientes diariamente”, afirmou Vagner Freitas, presidente da Contraf-CUT.
Clemente Ganz Lúcio, diretor do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese), um dos órgãos que coordenou a elaboração do documento, destaca o combate à desigualdade social como uma das linhas mestras do documento. “Por um lado, a desigualdade em si é um impeditivo para desenvolvimento. Ou seja, a gente não sai da situação desse país subdesenvolvido se não enfrentarmos a questão da desiguladade”, diz, acrescentando que a decisão das centrais de elaborar em conjunto o documento foi tomada após a experiência positiva de negociação do salário mínimo.
A agenda dos trabalhadores foi discutida em 15 encontros de representantes Central Única dos Trabalhadores (CUT), da Central Autônoma de Trabalhares (CAT), Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT), Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Força Sindical, Nova Central Sindical dos Trabalhadores (NCST) e Social Democracia Sindical (SDS).
Os sindicalistas vão levar a agenda para a apreciação do presidente da República, do Congresso Nacional e da iniciativa privada. Uma série de debates com trabalhadores deve ocorrer também. Um site deve ser criado para facilitar o acesso público a todas as propostas.
Ao todo, o evento contou com a participação de 380 representantes dos trabalhadores, divididos proporcionalmente entre as centrais. A CUT foi a responsável pela maior delegação, com 116 vagas. Os bancários tiveram três representantes, além dos demais colegas de categoria que integram a direção nacional da CUT.
Fonte: Contraf-CUT, com agência Brasil