(Recife) Foram poucos, é verdade. Mas o desafio está lançado: “É um trabalho de formiguinha. Cada um de nós, que viemos aqui, devemos ter um papel de multiplicador”. Quem diz é um bancário do ABN que participou do Encontro Estadual dos Novos Bancários de Pernambuco, realizado pelo Sindicato dos Bancários no último sábado, no auditório da entidade.
Após os trabalhos, uma suculenta feijoada, regada a um bom samba, embalaram a confraternização de novos e veteranos até o início da noite. Dias 14 e 15 tem mais: aqui mesmo no Recife novos bancários de todo o Nordeste se encontram para trocar experiências, em evento promovido pela Fetec-NE – Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Nordeste.
Um desafio que fica claro pelo teor dos debates é a comunicação, o diálogo. Como compatibilizar a linguagem de gerações: uma que teve nos embates e na resistência política sua formação; outra que vive sob o domínio da imagem, da tecnologia, das mudanças rápidas e incessantes. Mais: “é preciso fazer isso, sem perder a perspectiva histórica”, observa Miguel Correia, diretor do sindicato, o qual já presidiu por duas vezes, assim como a Fetec-NE. A ele coube resgatar um pouco da história do movimento dos bancários, história que ele próprio ajudou a construir.
A Internet, certamente, é um instrumento que atrai, e que pode ajudar na busca de uma linguagem que, se não unifica, aproxima. É o que acredita João Vitor Rocha, bancário do BB há sete meses, mas com trajetória ligada á militância política e ao movimento estudantil. De qualquer forma, há que estar atento às críticas: “O excesso de discurso cansa e não atrai. As palavras caem no vazio”, acredita Carlos Heliy, quatro anos de Caixa, delegado sindical há um ano.
Embora a freqüência tenha estado abaixo das expectativas, a qualidade dos debates e o nível de participação dos presentes tornaram a iniciativa vitoriosa, na avaliação de Marlos Guedes, presidente do Sindicato. Na opinião de Rodrigos Lopes Brito, um dos expositores convidados, também. Representante da nova geração de bancários, ele preside o sindicato da categoria no Distrito Federal, apesar de ter apenas cinco anos de Banco do Brasil. Prova de que nem tudo neste tempo e nesta geração é individualismo e concorrência.
E é Rodrigo quem alerta: “O problema é que o bancário, quando entra, percebe apenas as diferenças de direitos entre os novos e os antigos. Ele não acompanhou o processo de luta que fez com que os mais novos conquistassem 80% dos que lhes era negado. A isonomia, que eu prefiro chamar de igualdade de conquistas, continua sendo uma luta. Mas a batalha maior, que une os antigos e os recém-chegados, é pela melhoria das condições de trabalho”, afirma.
Fonte: Fabiana Coelho e Sulamita Esteliam – Seec PE