A UNI Sindicato Global, entidade sindical que representa cerca de 20 milhões de trabalhadores em todo o mundo e à qual a Contraf-CUT é filiada, enviou nesta terça-feira, 6, cartas ao ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, e ao presidente da Fenaban, Fábio Barbosa, manifestando sua solidariedade à greve nacional dos bancários e repudiando as atitudes antissindicais e antidemocráticas adotadas pelos bancos para impedir os trabalhadores de exercerem seu direito constitucional. As correspondências foram assinadas por Philip J. Jennings, secretário-geral da entidade, e enviadas com cópia para o presidente mundial do Santander, Emílio Botín.
O documento ressalta informações repassadas pela Contraf-CUT à UNI dando conta de que “trabalhadores estão sendo impedidos de exercer seu direito legítimo de greve durante uma campanha salarial nacional num dos setores mais lucrativos do país”. Ainda segundo a carta, “a intervenção da força policial é uma reação brutal e desproporcional, além de uma distorção dos instrumentos legais”. A UNI afirma ainda que a postura da Fenaban de negar aos trabalhadores seu direito de greve é uma violação da Convenção 98 da OIT.
O secretário-geral da entidade mundial ressalta que a UNI tem conhecimento da reunião secreta que aconteceu entre a Fenaban e o comando da Polícia Militar paulista antes mesmo da greve ser declarada, quando os bancos solicitaram apoio da PM contra o movimento bancário. A carta destaca também a prisão da sindicalista Maria Rosani, funcionária do Santander.
Na carta encaminhada a Lupi, a UNI solicita que o ministro “intervenha e interrompa esse desacato mostrado pela Fenaban com os bancários”, pedindo “solução imediata” para algo que está deixando a federação internacional “profundamente preocupada”.
A carta endereçada a Fabio Barbosa segue a mesma linha e exige que o presidente da federação dos bancos “recue imediatamente desta postura de desacato aos bancários e permita a expressão democrática dos trabalhadores do setor financeiro, sem que precisem temer por sua segurança”. A mensagem é encerrada clamando pelo diálogo “para que a solução seja encontrada imediatamente”.
Para o secretário de Relações Internacionais da Contraf-CUT, Ricardo Jacques, o apoio da UNI é muito importante pela representatividade da entidade global. “A greve dos bancários já recebeu apoio de diversas entidades internacionais, de países como Chile, Uruguai, Argentina, Paraguai e Angola, e a manifestação da UNI Sindicato Global, na pessoa de Philip Jennings, é fundamental para simbolizar a solidariedade entre todos os trabalhadores do setor de serviços do planeta”, salienta.
“A reação internacional está sendo proporcional ao grau de violência e à pouca disposição para o diálogo demonstrados pela Fenaban e por seu presidente, que não por acaso dirige o banco que mais tem dado vexame na campanha deste ano”, diz a diretora do Sindicato dos Bancários de São Paulo e funcionaria do Santander, Rita Berlofa. “Se os banqueiros brasileiros acharam que somente os bancários sofreriam com a postura de confronto que escolheram adotar este ano, estão vendo agora que não é bem assim. A repercussão internacional está aumentando e o mundo está começando a saber como agem na realidade os responsáveis pela direção dos bancos brasileiros por trás de suas belas propagandas sobre responsabilidade social”, destaca.