Com a arte da Campanha Nacional dos Bancários de 2105, a edição 3.831 do jornal ‘Tribuna Metalúrgica’, do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC traz um alerta sobre o abuso do Itaú no reajuste das taxas de crédito consignado na base.
“Não vamos permitir aumentos nas taxas do empréstimo consignado de maneira abusiva e indiscriminada na categoria”. Esse é o recado do diretor de Organização do Sindicato, José Roberto Nogueira da Silva, o Bigodinho, após atualização da tabela na modalidade oferecida aos trabalhadores na base pelo banco Itaú no início de janeiro deste ano.
O dirigente contou que, sem qualquer conversa prévia com o Sindicato, o banco, que atende os companheiros na Volks, em São Bernardo, e outras fábricas na região, aumentou os juros surpreendendo os companheiros que utilizam o sistema.
Com dados de março de 2015 da subseção do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos no Sindicato, o Dieese-SMABC, a taxa de juros era bem menor. O Itaú, na Volks, cobrava em parcelas de até seis vezes 1,50% contra 1,99% em 2016; em até 12 vezes 1,75% contra 2,26%; e até 24 vezes 2,00% contra 2,51% hoje, por exemplo (confira tabela nesta página).
“Os juros do empréstimo consignado são mais baixos porque o banco desconta diretamente do salário, ou seja, não existe risco de calote. Por isso, não podemos aceitar abusos”, declarou Bigodinho.
De julho a setembro passado, o Itaú teve um lucro líquido de R$ 5,945 bilhões, um avanço de 10% ante o mesmo período de 2014, já que os ganhos haviam atingido R$ 5,404 bilhões, apesar da crise. “E os ganhos do banco não param de aumentar desde o primeiro trimestre de 2013, em valores corrigidos pela inflação”, garantiu.
Segundo o dirigente, operações no mercado financeiro e apostas em serviços e linhas de crédito, além do reajuste de taxas, são algumas das atividades que mais rendem ao banco.
“Não vamos pagar essa conta. Se há um setor que ganha muito no Brasil é o sistema financeiro, enriquecendo os cofres dos banqueiros significativamente”, lembrou Bigodinho.
Os empréstimos consignados começaram a ser discutidos em 2003 quando, a partir de uma proposta da CUT, o governo federal regulamentou a operação. O objetivo foi reduzir as taxas de juros no País e, desta forma, aumentar oferta de crédito aos trabalhadores.
“Como os companheiros ofereceram seus pagamentos como garantia para quitar o empréstimo, não justificava que os bancos cobrassem taxas tão altas como na época. E é isso que a categoria não admitiu e nem deve mais admitir”, concluiu o diretor de Organização.