Sindicato de SP questiona mat‚ria do Correio Braziliense

Veja abaixo íntegra da carta enviada pelo presidente do Sindicato de São Paulo ao jornal Correio Braziliense, que nesta semana publicou “matéria” criticando os bancários e os sindicatos dizendo que eles influenciavam o governo para que empregados não retornassem ao trabalho, mesmo tendo condições.

 

Os dois lados

 

O sofrimento dos trabalhadores afastados com lesão por esforços repetitivos (LER/Dort) ou outras doenças ocupacionais passou ao largo da reportagem produzida pelo jornal Correio Braziliense na última terça-feira, dia 24.

 

Assim como também foi ignorada uma regra básica do Jornalismo: ouvir os dois lados.

A bancária e diretora do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região Rita Berlofa é citada na matéria. Uma suposta frase sua é reproduzida sem se deixar claro como teria sido captada. Mas o pior: apesar de ter mencionado que a bancária é dirigente do Sindicato, a reportagem jamais procurou a entidade ou a dirigente para conhecer sua versão.

 

O texto também fere de morte outro preceito do Jornalismo, a isenção, assumindo claramente um lado, aliás, o único ouvido pela reportagem: o dos médicos peritos do INSS.

 

A vida de um trabalhador adoecido, ao contrário do que quer fazer crer a reportagem do renomado jornal, não é um mar de rosas. Além das dores decorrentes das doenças ocupacionais, o trabalhador se vê subtraído de uma série de direitos no momento em que esses mais lhe fazem falta, enquanto os gastos com medicamentos sobem às alturas.

 

O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, mencionado por duas vezes na reportagem, tem um importante histórico de luta pela manutenção de direitos dos trabalhadores. A campanha contra as altas programadas (Cobertura Previdenciária Estimada, Copes) foi somente mais uma delas. Muitos bancários vitimados por doença, nesse período, foram obrigados a retornar ao trabalho, apesar da falta de condições físicas atestadas inclusive por outros médicos, já que os peritos do INSS estavam liberados de fazê-lo diante da polêmica medida.

 

Se a reportagem do Correio Braziliense tivesse zelado pela isenção ou se preocupado em ouvir os dois lados, a bancária e dirigente do Sindicato Rita Berlofa poderia ter apresentado sua versão para a frase tão descolada do contexto e da realidade que a dirigente sequer a reconhece. Também poderia ter conversado com trabalhadores adoecidos e duramente prejudicados pela polêmica medida (Copes) ou com a renomada médica do trabalho Maria Maeno, assessora do Sindicato e dura crítica das altas programadas.

 

Em nome do bom Jornalismo e das tão penalizadas vítimas das doenças e acidentes de trabalho provocadas pelo sistema financeiro, o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região solicita ao Correio Braziliense o devido direito de resposta e fica à disposição para prestar os esclarecimentos necessários.

 

Certos de sua atenção, aguardamos resposta com presteza

 

 

Luiz Cláudio Marcolino

Presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região

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