No Sindicato, quando se fala em vale-refeição e alimentação, PLR, 13ª cesta, licença-maternidade de seis meses, abono-assiduidade, auxílio-creche/babá, vale-cultura, plano de saúde para todos, não se usa a palavra “benefícios”, como gostam os patrões. “Nada foi dado, de graça. Falamos sim em direitos, arrancados com muita organização e participação dos trabalhadores ao lado do Sindicato em anos de luta. E é tudo que os empresários querem ver acabar com a aprovação do PL da Terceirização”, alerta a presidenta Juvandia Moreira.
A entidade representativa dos bancários de São Paulo, Osasco e região comemorou 92 anos nesta quinta-feira (16), em plena mobilização contra o projeto de lei 4330, que retira direitos e libera a terceirização sem limites.
Mas quem tanto luta, também merece festejar toda essa disposição histórica. Assim, os bancários ganharam de presente um show com a cantora Adriana Moreira e seu repertório de sambas, jongos, congadas e batuques contra o preconceito. Houve também o tradicional bolo e o Parabéns! Tudo no coreto da Praça Antônio Prado, em frente à sede do Sindicato.
Ainda em comemoração aos 92 anos, o Sindicato anunciou a mostra Fotografe sua Cidade. Os bancários e seus dependentes poderão mostrar, por meio de imagens, seu olhar sobre o lugar onde convivem.
Conquista vem com luta
Além de conquistar é preciso estar organizado para manter o que foi alcançado com a luta. O que para a categoria não é pouco. São anos de história que precisam estar na memória para fortalecer as reivindicações atuais.
Algumas conquistas são bem antigas, como a jornada de seis horas, que é de 1933, a garantia de recebimento de horas extras e o fim do trabalho aos sábados em 1962.
Na década de 1980, a categoria ajuda a construir o novo sindicalismo, exigindo o fim da intervenção nos sindicatos e eleições Diretas Já. O auxílio-creche foi conquistado em 1981 e os bancários participam da fundação da Central Única dos Trabalhadores (CUT) em 1983. Fortalecidos, fazem a primeira greve nacional em 1985.
A luta garantiu em 1990 o vale-refeição. Um ano depois, a unificação dos pisos salariais e, em 1992, a assinatura da primeira Convenção Coletiva válida para todo o país. O vale-alimentação foi conquistado em 1994 e a PLR em 1995. Ainda em 1997, a complementação salarial para afastados por doença ou acidentes.
Os bancários são a primeira categoria, há quase 15 anos, a incluir em Convenção Coletiva de Trabalho cláusula sobre igualdade de oportunidades, debate importante até os dias de hoje.
Desde 2004, a forte mobilização ao lado do Sindicato garante aumento real para os salários todos os anos. O valor adicional à PLR foi garantido na luta de 2006. Em 2007, a 13ª cesta-alimentação. As bancárias passam a ter direito à licença-maternidade de 180 dias em 2009, e os casais homoafetivos de incluir seus parceiros como dependentes no plano de saúde. A década foi fechada com a conquista do instrumento de combate ao assédio moral e avanços em segurança.
O combate às metas abusivas levou a diversas conquistas desde 2011, como a proibição da publicação de rankings, do envio de SMS, o respeito na rotina de trabalho. A luta de 2012 trouxe avanços para os afastados por problemas de saúde e a criação do projeto piloto de segurança. Em 2013, os bancários foram a primeira categoria a conquistar vale-cultura na convenção coletiva. Pela primeira vez, em 2014, uma cláusula passar a garantir que o monitoramento de resultados – nome que os bancos dão para a cobrança por metas – será feito “com equilíbrio, respeito e de forma positiva para prevenir conflitos nas relações de trabalho”.
Juvandia lembra que a categoria se renova a cada ano e muitos trabalhadores não conhecem a história do seu Sindicato ou suas conquistas. “Hoje, bancários de todo o país contam com uma das mais fortes Convenções Coletivas de Trabalho, graças a tantas e fortes mobilizações.” A luta que dura 92 anos, continua. Quer fortalecer cada passo? Sindicalize-se.