A grave situação em todos os bancos, que têm demitido bancários e cobrado metas abusivas daqueles que conseguem suportar a pressão e se manter no cargo, precisa acabar. O problema é tão crítico que o Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região participa de audiência com a Delegacia Regional do Trabalho do RS (DRT-RS) nesta quarta-feira, dia 23, para reivindicar que a fiscalização sobre agências e postos seja intensificada. Os dirigentes sindicais estarão reunidos com o superintendente regional do trabalho, Heron de Oliveira, às 14h, na DRT (Av. Mauá, 1013, 9º andar, sala 901).
Somente no primeiro trimestre de 2008, houve o desligamento de 90 bancários. Já os pedidos de dispensa apresentados no mesmo período chegam a 159, muitos cansados com a pressão no ambiente de trabalho. E as aposentadorias, num total de 44, contribuem para o aumento da carência de pessoal nas agências e o crescimento das filas nos bancos. Os registros confirmam que os banqueiros estão reduzindo o quadro e piorando o atendimento aos clientes.
O reflexo da falta de pessoal é o descaso com os clientes, que são obrigados a enfrentar filas imensas à espera de atendimento. Prova disso é o crescente número de autuações por parte da Secretaria Municipal da Produção, Indústria e Comércio (Smic) às agências e postos que descumprem a Lei das Filas, que estabelece em 15 minutos o tempo máximo de espera em dias normais e em 20 minutos nos dias pós-feriadões e de pagamento do funcionalismo.
Os trabalhadores também sofrem de forma direta, pois esta situação aumenta ainda mais a carga de trabalho dos bancários, que acabam sendo forçados a extrapolar suas jornadas. Os trabalhadores estão submetidos a metas abusivas para vendas de produtos, o que ocasiona estresse, doenças relacionadas ao trabalho e assédio moral. Essa pressão faz com que muitos trabalhadores sequer procurem ajuda, com medo de perderem o emprego. No entanto, de 2007 até hoje, cerca de 500 pessoas chegaram ao Sindicato com problemas de saúde. Nestes 15 meses, a LER aparece como primeira causa de afastamento, com mais de 300 casos. Depois vem a LER acompanhada por sofrimento psíquico, com mais de 50 registros.
A segurança também preocupa bancários, clientes, usuários e vigilantes. Somente em 2008 foram apurados 50 ataques a bancos no Estado, aumentando a sensação de medo e insegurança. Os bancos não têm feito investimentos em equipamentos para coibir a ação dos bandidos, preferindo manter fachadas frágeis e de fácil acesso aos delinqüentes, que têm quebrado os vidros para ingressarem nas agências e postos bancários.
Para o Sindicato, com os lucros recordes auferidos nos últimos anos, os bancos tem plenas condições para suspender as demissões, contratar mais funcionários, melhorar as condições de saúde, trabalho e segurança e garantir qualidade de atendimento aos clientes e usuários. A audiência com a DRT faz parte da campanha “Banqueiro: chega de sugar a gente”, que tem ações permanentes para mostrar os abusos cometidos contra bancários, clientes e usuários e cobrar ações que revertam esta situação.