(Brasília) Numa iniciativa inédita, o Sindicato de Brasília lançou na última semana em sua página na internet um sistema piloto de compilação de dados sobre a saúde do trabalhador bancário que vai reunir todas as informações sobre o tema e auxiliar a luta da categoria contra as péssimas condições de trabalho. O Sindicato é um dos primeiros a implementar o programa em todo o país. A Contraf/CUT, que concentrará as informações de todos os sindicatos filiados, irá disponibilizá-lo oficialmente em janeiro.
Com o novo canal, que permitirá a sistematização de estatísticas em âmbito nacional por meio da qual será possível a construção de um plano de ações, os bancários podem fazer denúncias sobre assaltos a agências, assédio moral, comunicação sobre LER/Dort e conflitos no ambiente de trabalho, tudo de forma anônima. O banco de dados, como é chamado, vai reunir ainda informações sobre todos os bancários acometidos por doenças ocupacionais, registros de CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho) e uma biblioteca jurídica, com a legislação completa que trata da saúde do trabalhador, além de jurisprudências e pareceres do Ministério Público e outros.
“O que interessa para a gente é que as estatísticas e as informações sigilosas não serão acessadas por nenhum outro sindicato. O objetivo do banco de dados é nos mostrar o que está ocorrendo com a saúde dos bancários de forma geral. Assim, teremos uma visão epidemiológica para nos auxiliar em nossos trabalhos”, ressalta o secretário de Saúde do Sindicato, Alexandre Severo.
A discussão acerca do projeto teve início no Sindicato de Brasília e na Fetec/CN (Confederação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Centro-Norte) a partir do acúmulo de experiências pelas entidades nesse campo, que no caso do Sindicato envolveram a realização de uma série de eventos, entre seminários, simpósio e pesquisas, além da montagem de arquivo temático, voltados para o diagnóstico local da situação da saúde dos bancários.
“O banco de dados é um sonho antigo da categoria e finalmente agora sairá do papel. Sempre tivemos uma carência muito grande de dados sistematizados nacionalmente sobre a saúde dos bancários. A proposta é centralizar as informações que cada sindicato tem em sua base para que tenhamos uma visão global do problema”, avalia Orlando Gasparino, secretário de Saúde da Fetec/CN, um dos que estão à frente do projeto, ao lado de Severo, do também diretor do Sindicato Eduardo Araújo e de Plínio Pavão (secretário de Saúde da Contraf/CUT).
Software
A construção do banco de dados nacional foi discutida em reunião do coletivo de Saúde da Contraf/CUT no último dia 12 e contou com o representante da empresa de tecnologia que está construindo o sistema, Sérgio Saad. Ele apresentou para os 29 participantes de todo o Brasil como funcionará o software. A empresa já presta serviços para o Sindicato.
Segundo Saad, as informações alimentadas pelos sindicatos que contém dados sigilosos permanecerão ocultas, podendo ser acessadas apenas pela entidade que inseriu o dado.
Os dados estatísticos poderão ser acessados de forma nacional ou regional. A biblioteca jurídica será alimentada pela Contraf, federações e sindicatos e todos poderão ter acesso ao material catalogado. Está previsto também um fórum de debates para os cipeiros e representantes das unidades que não têm Cipa (RPA), além de um blog com notícias sobre o tema.