Os diretores do Sindicato dos Bancários da Baixada Fluminense vêm recebendo diversas denúncias de assédio moral praticado por gestores. Há um gerente que anota toda a rotina de seus subordinados em um “livro preto”, onde registra até os momentos em que funcionários vão ao banheiro. Uma gerente constrange seus subordinados, chamando-os até mesmo de “meliantes”, diante de quem estiver por perto.
Nesta agência, há três bancários sofrendo de depressão comprovada, fazendo uso de medicamentos antidepressivos sob prescrição médica. Esta mesma gestora vem condicionando a marcação de férias à produtividade dos funcionários. Nesta agência, uma bancária, que estava deprimida, sofreu uma paralisia facial durante o expediente, em função do estresse provocado pela pressão.
Os gestores se justificam
O Sindicato esteve nas agências fazendo reuniões com os empregados para averiguar as denúncias. Numa delas, o gestor questionou a atuação e o papel dos dirigentes. “Vocês, sindicalistas, estão muito atrasados, têm que abrir a mente. Os funcionários que tiverem problemas têm que vir a nós, não procurar o sindicato”, argumentou. “Ora, e qual é o funcionário que vai se sentir à vontade para se dirigir a um gerente como este para colocar suas demandas?”, rebate Renata Soeiro, diretora do Seeb-Baixada e representante da Federação na COE do HSBC.
O gerente que mantém o livro preto foi questionado pelo sindicato sobre a prática de interpelar seus auxiliares sobre as atitudes dos colegas. Segundo denúncias, os bancários que se recusam a dar opiniões a respeito dos outros funcionários são coagidos a fazê-lo. O gestor justifica este procedimento alegando que se trata de “política de gestão”.
Nas reuniões nas agências, alguns gestores disseram que vão se empenhar para descobrir quem fez as denúncias. Os representantes do Sindicato já informaram que qualquer retaliação aos bancários que denunciaram o assédio moral será objeto de ação sindical.
Quem é o responsável?
Os bancos costumam argumentar que este tipo de problema é “caso isolado” e que acontece em função de características individuais de alguns gestores. O que o Movimento Sindical questiona é até que ponto as empresas estimulam este tipo de comportamento nas pessoas em que identificam personalidades suscetíveis a desenvolver atitudes abusivas.