(São Paulo) Representantes das centrais sindicais brasileiras reuniram-se na tarde desta quinta-feira, dia 7, em Brasília, com os ministros Luiz Marinho (Trabalho), Nelson Machado (Previdência), Paulo Bernardo (Planejamento), Guido Mantega (Fazenda) e Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência da República).
Os dirigentes sindicais apresentaram aos ministros a proposta dos trabalhadores de aumento do salário mínimo para R$ 420 e de reajuste de 7,7% na tabela do imposto de renda que deve zerar a inflação acumulada no governo Lula. Além disso, trataram da política permanente para a recuperação do piso salarial brasileiro no longo prazo e a alteração da estrutura da tabela do IR com alíquotas que cobrem mais de quem ganha mais.
Os ministros afirmaram que o governo está disposto a negociar, mas deixaram claras as dificuldades. Cada um deles demonstrou o impacto que as alterações no mínimo e na tabela do IR tem nos gastos sociais e na Previdência. Uma nova reunião ficou marcada para a próxima quinta-feira, dia 14.
“Nosso debate trata de crescimento econômico. E não qualquer crescimento econômico, mas crescimento com distribuição de renda. O reajuste no salário mínimo e na tabela do IR estão dentro desse princípio. Não é à toa que participaram do debate cinco dos principais ministros do governo Lula. Isso demonstra a importância que o assunto tem a presidência da República”, avalia o presidente do Sindicato, Luiz Cláudio Marcolino, que participou da reunião em Brasília.
Histórico
Essa foi a terceira marcha realizada pelos trabalhadores. Desde 2003, primeiro ano do governo Lula, o aumento do salário mínimo foi de 75%. Já a correção da tabela foi de 18,80%. Faltam 7,77% para zerar a inflação do período (IPCA acumulado de 28,03% entre 2003 e 2006). “E é isso que fomos buscar em Brasília, o que só foi possível no governo Lula, já que antes os trabalhadores nem eram recebidos. Estamos fazendo nossa parte por um Brasil melhor”, diz Marcolino.
Resultado
A valorização do salário mínimo representa muito para a sociedade brasileira. Trata-se de distribuição de renda, de fato. De acordo com dados do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), 43,7 milhões de pessoas têm rendimento referenciado pelo mínimo. Caso o reajuste chegue aos R$ 420 reivindicados pelos trabalhadores, a economia brasileira receberá um incremento de R$ 39,1 bilhões.
A arrecadação de tributos – que deve financiar os serviços públicos oferecidos à população – também cresceria na ordem de R$ 9,6 bilhões. “Ao contrário do que muitos afirmam, elevar o salário mínimo e corrigir a tabela do IR não significa gastar mais. É um círculo virtuoso: há retorno para o governo em forma de tributos e se há mais dinheiro girando na economia, há mais emprego e novamente mais arrecadação”, destaca o presidente do Sindicato.
Para o IR, além dos 7,77% para recuperar a inflação do período, os trabalhadores querem uma nova estrutura de tributação, mais justa, que cobre mais de quem ganha mais. Essa estrutura prevê uma tabela com novas faixas de rendimento. Além dos isentos – salários até R$ 1.354,80, com a correção –, haveriam alíquotas de 10%, 20%, 25% e 27,5%.
Fonte: Cláudia Motta – Seeb SP