Os trabalhadores do sistema Sicredi que têm data base em 1º de agosto viram passar o Natal e chegar janeiro sem a assinatura de um acordo coletivo. Isso ocorre graças à intransigência e o descaso dos “patrões” do sistema de cooperativas, que ignoram as tentativas de negociação feitas por parte do Sindicato dos Bancários de Dourados e Região (Seeb Dourados).
A negociação vem se arrastando desde o seu início. A única proposta apresentada pela empresa até agora foi a reposição da inflação e somente no item salário (nos demais bancos o índice foi acima da inflação e para todas as verbas). Para piorar, ainda quer empurrar a prática do banco de horas para a categoria.
Para o Seeb Dourados, a implantação do banco de horas é de interesse apenas da empresa e nociva ao trabalhador. Vale lembrar que, ao contrário dos outros bancos, a empresa pratica jornada de trabalho de oito horas, embora não acordada na convenção coletiva dos funcionários. Essa jornada esta na contramão inclusive do próprio sistema cooperativo, que em outros locais já pratica a jornada de seis horas.
O descaso para com os trabalhadores chegou ao cúmulo de o negociador da empresa marcar reunião de negociação com o Sindicato dos Bancários de Dourados no último dia 19 de dezembro, deixar os representantes dos trabalhadores esperando e não comparecer a reunião, sem qualquer justificativa. Até o momento, a empresa não fez nenhum contato para dar pelo menos uma satisfação.
Por outro lado, a empresa tenta fechar acordo com os demais sindicatos do Mato Grosso do Sul através de mesa redonda no Ministério do Trabalho e Emprego, sem a participação do Sindicato de Dourados, que representa o maior número de empregados do sistema Sicredi. Além disso, pelas informações que temos, a empresa vem fazendo reuniões com os trabalhadores para “convencê-los” de que o tal banco de horas é vantajoso para o trabalhador.
O Sindicato dos Bancários de Dourados e Região não assinara acordo coletivo que entenda ser nocivo ao trabalhador e não aceitará imposição patronal para que o acordo seja empurrado goela abaixo de seus funcionários. O sindicato irá denunciar junto ao Ministério Público do Trabalho se por ventura o acordo vier a ser assinado pelos demais sindicatos do Estado sem a participação do representante da maior parte dos trabalhadores que é o Sindicato de Dourados.
Compromisso
O diretor da Contraf-CUT Sérgio Siqueira chama a atenção para o fato de que o setor de cooperativas têm crescido muito em todo o país, principalmente no interior e pequenas cidades. “É de grande importância que as federações e sindicatos dediquem uma atenção especial a esse segmento em 2008, organizando esses trabalhadores para lutar por seus direitos”, defende.
“A postura da Sicredi mostra a total falta de compromisso destes ‘patrões’ com os trabalhadores empregados pelas cooperativas”, afirma Sérgio Siqueira. Além disso, ele lembra que os sindicatos que dizem representar os empregados dessas cooperativas não têm qualquer compromisso com esses trabalhadores. “Esses trabalhadores fazem parte do ramo financeiro e por isso devem ser representados pelos sindicatos de bancários/trabalhadores do ramo financeiro em todo o país”, sustenta.